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Parceiro de Nem conta como usou conceitos matemáticos no tráfico

G1

Fotos e vídeos postados pela ex-mulher do traficante Saulo de Sá Silva ajudaram a polícia a localizar o criminoso, que chegou a chefiar o tráfico de drogas na Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Neste domingo (13), o Fantástico mostrou outro vídeo, exclusivo, em que ele revela à polícia detalhes do tráfico na comunidade. A gravação da conversa informal de Saulo, parceiro de Antônio Bonfim Lopes, o Nem, com policiais civis do Rio ocorreu logo depois de sua prisão, em 2008.

O criminoso aparece de costas para a câmera. Ele revela o número de pessoas recrutadas pela quadrilha na comunidade. Na conversa, diz que o contingente de pessoas envolvidas no tráfico da Rocinha movimenta cerca de 300 pessoas diretamente e 500 de forma indireta.

Saulo, que já foi carteiro e estudou até o terceiro ano da faculdade de matemática, foi o responsável pela profissionalização do negócio de venda de drogas na Rocinha.
Inclusive adotando a internet como o principal meio de comunicação entre os integrantes da quadrilha. Ele era o grande parceiro do traficante Nem. “Sempre fiz tudo para funcionar o negócio bem, até pelo Nem mesmo. A gente é irmão de pensamento.”

O próprio Saulo dizia que o tráfico de drogas na Rocinha era uma grande bagunça antes da chegada dele. “Ninguém sabia direito quanto dinheiro entrava ou saía daqui. Saulo adotou conceitos contábeis como fluxo de caixa e controle de estoque. E, para aumentar os lucros, instalou laboratórios de refino de pasta base de cocaína. Um azeitado esquema de gerenciamento montado por ele foi deixado para seu sucessor, o traficante Nem.

Em 2007, a polícia estourou o laboratório do tráfico na Rocinha, o primeiro do Rio de Janeiro. Dois anos depois, uma longa investigação desvendou a estratégia usada pelos traficantes para obter produtos químicos usados no refino. Mais de mil moradores da comunidade foram recrutados para ir a lojas especializadas e comprar esses produtos em pequena quantidade, sem despertar suspeitas.

A polícia filmou tudo, seguiu as pessoas, e chegou a mais um laboratório improvisado.
O vídeo mostra Saulo na delegacia explicando aos policiais o processo de fabricação da droga. Ele diz que com cada quilo de pasta fazia um quilo de cocaína pura. Parte do lucro era usada para reforçar o arsenal da quadrilha com armas de guerra. Ele afirmou que calculava que a Rocinha tinha mais de 100 fuzis. “Eu comprei uma bazuca. O cara falou que tinha. mandei dinheiro, ele mandou. Comprei um fuzil AR-15 novíssimo, zero, da polícia.”

Foi Saulo quem modificou o sistema de armazenamento das armas. Em vez de guardá-las todas num só lugar, cada soldado do tráfico passou a ser responsável pelo seu próprio fuzil. Um truque para evitar uma apreensão em massa.

Ex-mulher
Condenado a 18 anos de prisão por tráfico de drogas, Saulo está preso no Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro. A agora ex-mulher dele, Fabiana da Silva, que é dona de uma loja na Rocinha e se identifica como “Bibi Perigosa”, continua divulgando mensagens na internet diariamente. Neste sábado (12), por exemplo, ela escreveu sobre a operação policial na comunidade: "Dá medo saber que eles vão entrar e a gente vai ficar aqui à noite, sem ninguém, vendo o que esta acontecendo".
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