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Aliança sem Dilma será difícil, avalia PMDB

Valor Online

Numa situação extrema -totalmente afastada por enquanto por todas as lideranças do PMDB -, em que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) tenha de abandonar a disputa pela sucessão presidencial, a cúpula do partido avalia que dificilmente será mantida a aliança com o PT. Isso porque o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem candidato natural e nenhum outro nome conseguiria manter o PMDB unido em torno de sua candidatura.

Passado o choque inicial causado pela revelação de que a ministra vai se submeter a tratamento contra um câncer linfático, pemedebistas buscam agora avaliar com frieza o cenário da sucessão presidencial de 2010. Todos manifestam total confiança no restabelecimento de Dilma e em que ela permanecerá candidata. Em conversas reservadas, no entanto, admitem várias preocupações.

Há receio de fortalecimento da ala que defende apoio à candidatura do governador José Serra (SP), do PSDB, em vez da aliança com o PT. Há, também, temor de acirramento da disputa interna no partido pela vaga de vice-presidente na chapa encabeçada por Dilma, já que o posto ganharia peso, diante de eventuais dúvidas em relação ao estado de saúde da ministra.

Parlamentares do PMDB apontam o deputado Antonio Palocci (PT-SP) como o mais palatável para manter o apoio da sigla. Mas, ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) recuse a abertura de processo contra ele - acusado de quebrar o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa -, Palocci é hoje cotado para disputar o governo de São Paulo. Como, aliás, deseja o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), mostra confiança na recuperação de Dilma. "Foi uma surpresa, mas depois veio a notícia animadora, otimista. O problema foi detectado muito no início, o tratamento, rápido e eficiente, eliminando o foco, e a quimioterapia será preventiva. Continuaremos a tratá-la como candidata do PT e do presidente."

Para o líder, o tempo necessário para o tratamento - quatro meses, segundo os médicos - não vai atingir o projeto futuro. Após o encerramento da quimioterapia, haverá tempo suficiente para a montagem da estratégia de campanha. Outros pemedebistas, que se manifestaram reservadamente, dizem que, após o tratamento, haverá prazo para a definição de eventual "plano B".

O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), negou ontem que o partido já esteja estudando uma opção a Dilma. Afirmou que o partido só deve se posicionar oficialmente sobre a sucessão presidencial no final deste ano. "Nunca foi hora, muito menos agora, de discutir esse assunto. Vamos prosseguir no plano A", afirmou. Temer lembrou que a chance de recuperação da doença de Dilma é de 90%. "Em pouco tempo, a ministra estará curada e o quadro não vai se alterar. É hora de falar na recuperação da ministra."

O líder do PMDB mantém o projeto de discutir com o PT, em breve, os problemas de relacionamento político do partido com o PT nos Estados, para tentar resolvê-los até o segundo semestre. Há divergências no Pará, entre o deputado Jader Barbalho (PMDB) e a governadora Ana Júlia Carepa (PT), na Bahia, entre o ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) e o governador Jaques Wagner (PT), e em outras unidades da federação. O PMDB quer "concessões estaduais" em troca do apoio à chapa presidencial.

No Senado, o líder do partido, Renan Calheiros (AL), antecipou para sábado sua viagem de Alagoas para Brasília, prevista para ocorrer somente ontem. Conversou com o presidente do Senado, José Sarney (AP), com o líder do governo, Romero Jucá (RR), e outros aliados. Eles formam a ala mais governista dentro do partido e temem que venha a ocorrer desequilíbrio da balança a favor da oposição. No PMDB, o governado de São Paulo José Serra tem apoio declarado do ex-governador Orestes Quércia (SP) e do senador Jarbas Vasconcelos (PE). Mas conta com outras simpatias, como do próprio Temer - por hora cotado no partido para vice de Dilma.

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