No primeiro turno, Cortês foi o grande nome do clássico contra o Vasco. Com atuação segura na defesa e sendo uma das melhores opções ofensivas da equipe alvinegra, o lateral atingia seu auge no Brasileiro. A boa atuação foi fundamental para sua convocação para a Seleção Brasileira que encarou a Argentina no Superclássico das Américas. Um turno depois, o desempenho diante do Gigante da Colina é novamente a síntese do momento de Cortês. Do mau momento. A queda de performance do lateral é visível e preocupa o Botafogo.

É difícil encontrar um único fator para a queda de rendimento do lateral, mas uma questão foi apontada pela própria esposa do jogador. Segundo Juliana Cortês, desde que o marido despontou no Botafogo e fez sucesso na Seleção, o assédio sobre ele está enorme. O problema é que o atleta, conhecido por ser humilde e boa-praça, não se recusa a dar atenção a ninguém. E isso tem afetado seu descanso após treinos e jogos.

O clube também detectou esse problema e pediu que o lateral ficasse em General Severiano a maior parte da semana, para poder repousar adequadamente. Mas o assédio continuava em sua porta, deixando o jogador preocupado com a esposa. A situação é tão complicada, que o casal estuda até encontrar um apartamento fora de Campo Grande, embora esse não seja o desejo deles, que gostam muito dos amigos e vizinhos da região.

Outro ponto que explicaria a má fase do lateral é a sua própria cobrança. Segundo o técnico Caio Júnior, desde que foi para a Seleção, Cortês sente que precisa jogar para decidir as partidas do Botafogo e fica decepcionado quando não consegue realizar aquela meta a que tinha se proposto. Tanta cobrança estaria deixando o lateral sem confiança.

Internamente, os demais jogadores dizem que Cortês continua sendo engraçado e que faz as brincadeiras de sempre. Mas em campo e nas entrevistas coletivas é nítido o semblante fechado. O lateral não entra mais na sala de imprensa tão à vontade como fazia antes. O jeito educado e simpático permanece, mas o bom humor e as tiradas espontâneas foram substituídas por discursos prontos e sérios. O próprio jogador reconheceu que mudou nos últimos tempos.

- Tem hora em que você fica mais solto, outras em que você fala mais sério. É importante isso. Não mudei meu jeito de ser. Mas, agora, estou focado na reta final do Brasileiro - disse há duas semanas.

O Botafogo tenta trabalhar o estado emocional do jogador para os últimos quatros jogos do campeonato. Um dos grandes nomes da campanha alvinegra neste Brasileiro, o lateral é uma das principais armas da equipe para garantir uma vaga na Libertadores do ano que vem. Até porque o seu reserva imediato, Marcio Azevedo, não goza de muito prestigio com o técnico Caio Júnior.