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Notícias / Meio Ambiente

Al Gore pede que geleiras sejam preservadas

AFP

O ex-vice-presidente americano Al Gore, protagonista da luta contra as mudanças climáticas, lançou, nesta terça-feira (28), em Tromsoe (norte da Noruega), um apelo por uma ação rápida para impedir o derretimento das geleiras.

Em sua participação na primeira conferência dedicada especificamente a esse tema, a alguns meses da cúpula de Copenhague sobre o clima, Gore, prêmio Nobel da paz 2007, afirmou que, sem mobilização, as geleiras do Ártico correm o risco de desaparecer para sempre.

"O gelo é importante para o ecossistema da Terra por diversas razões, mas uma delas está ligada a sua capacidade de resfriamento", disse.

As geleiras devolvem 90% das radiações solares para a atmosfera, enquanto que as massas de água escuras que as substituem quando derretem absorvem o calor, o que aumenta o aquecimento climático.

"Enquanto [o gelo] desaparece, devemos ter em mente que ele só voltará se agirmos muito rapidamente", disse Gore.

"Porque se a temperatura terrestre continuar a aumentar, o calor se propagará para profundidades mais baixas do oceano Ártico e será impossível que o gelo retorne", afirmou.

A extensão total das placas de gelo do Ártico atingiu um nível mínimo em setembro de 2007, com 4,13 milhões de km2. Sua espessura, que diminui gradativamente, as torna ainda mais frágeis e, com isso, mais suscetíveis de derreter rapidamente, alertam especialistas.

Al Gore alertou também para as consequências dramáticas do derretimento das geleiras da Antártica e da Groenlândia, afirmando que cada elevação de um metro do nível do mar geraria 100 milhões de refugiados climáticos.

O derretimento da neve do Himalaia, comumente chamado de "terceiro polo", causará, em um primeiro momento, inundações, de depois, secas, afetando 40% da população mundial, que depende dessa fonte de água doce para sua sobrevivência.

Para os cientistas presentes em Tromsoe, o futuro é sombrio, a magnitude e a rapidez atuais do aquecimento superam os cenários mais pessimistas do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Evolução do Clima (Giec).

"Estamos em apuros", resumiu o americano Robert Correll, que havia presidido a Avaliação do Impacto das Mudanças Climáticas no Ártico, estudo divulgado em 2004 que foi alertou para efeitos do aquecimento global na região, onde a temperatura sobe duas vezes mais rápido do que no restante do mundo.

Após a conferência, um painel será criado para redigir um relatório destinado a sensibilizar os líderes internacionais para a questão durante a cúpula de Copenhague, em dezembro.
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