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Fiat deve fechar parceria com Chrysler nesta quinta, diz agência

Folha Online

A montadora italiana deve fechar nesta quinta-feira um acordo para se tornar parceira da fabricante americana Chrysler, que tem até a sexta-feira (1º) para divulgar seus planos de reestruturação ou pedir concordata ao governo dos EUA. Pessoas próximas à negociação confirmaram a informação à agência de notícias Associated Press (AP).

O acordo entre as duas montadoras é a última peça dos projetos contidos no plano de reestruturação da Chrysler, que deve ser entregue ao governo em troca de mais US$ 4 bilhões em empréstimos. Os outros dois pontos são negociações com os credores e com o sindicato.

Pelo acordo, a marca italiana poderia tomar o controle de 20% --com possibilidade para aumento até 35%-- na Chrysler em troca de fornecer tecnologia para a produção de carros compactos e motores econômicos.

Um dos pontos prevê que não haja investimentos em dinheiro, apenas transferência de tecnologia. Procurada, a Fiat não se pronunciou sobre o acordo.

Concordata

A agência cita que a hipótese de pedir proteção do "Chapter 11" (o capítulo da legislação dos EUA para falências e concordatas) ainda não foi totalmente descartada. Pela lei, recorrer ao capítulo 11 significa que a empresa reconheceu que não pode quitar suas dívidas e pode ter um prazo para reorganizar suas contas junto aos credores.

Segundo as fontes ouvidas pela AP, ainda há alguma chance de a Chrysler pedir concordata caso alguns dos credores não aceitem a proposta para reduzir a dívida da empresa. 

O Tesouro dos Estados Unidos confirmou que os quatro bancos --JPMorgan Chase, Morgan Stanley, Citigroup e Goldman Sachs-- que detêm a maior parte dos débitos da Chrysler concordaram em abrir mão de dívidas de US$ 6,9 bilhões em troca do recebimento de US$ 2 bilhões em dinheiro.

O governo ainda negocia com os demais credores (estimados em 46 fundos de investimentos) para que aceitem o acordo. Caso o grupo restante decida aderir à medida, a Chrysler poderia evitar a concordata.

Na última sexta-feira (24), o vice-presidente da montadora Chrysler, Jim Press, afirmou que a empresa "não vai pedir concordata". Em uma coletiva de imprensa, Press ressaltou que "nada mudou" no projeto da companhia de executar seu plano de reestruturação fora dos tribunais e no acordo de parceria com a italiana Fiat.

O vice-presidente da Fiat, John Elkann, afirmou que o resultado das negociações será revelado somente nesta quinta.

Sindicatos

Na segunda-feira, o sindicato americano UAW (United Auto Workers) anunciou que chegou a um acordo com a Chrysler e com o governo sobre a redução de benefícios trabalhistas dos funcionários da montadora. No mesmo dia, o grupo automotivo alemão Daimler informou que renunciaria à sua participação de 19,9% na Chrysler e ao reembolso da dívida da qual é credor.

Reportagem do jornal "The Wall Street Journal" informou que o UAW aceitou uma proposta que contempla conceder um alívio de até US$ 10 bilhões às dívidas da empresa com o fundo de saúde e aposentadoria. Em troca, os funcionários podem ganhar participação de até 55% nos ativos da empresa formada a partir da parceria com a Fiat.

"Nós entendemos que os sacrifícios propostos para os membros do UAW são duros, mas ainda preferimos manter nossos salários, nossos planos de saúde e nossos trabalhos", disse o presidente do sindicato Ron Gettelfinger.

O executivo-chefe da Chrysler, Robert Nardelli, enviou uma mensagem aos funcionários nesta quarta-feira afirmando que a empresa tem avançado com as exigências de sua reestruturação. "Estou empolgado com os progresso e quero que saibam que nós apreciamos muito os esforços feitos por todos para nos ajudar a atingir as metas", escreveu.

A Chrysler já tomou US$ 4 bilhões em empréstimos do governo dos Estados Unidos desde o princípio do ano, após anunciar que não teria condições de se manter funcional sozinha, por conta da queda nas vendas no país.
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