Imprimir

Notícias / Informática & Tecnologia

Empresa diz ter previsto sinais da gripe suína pela web

AP

Semanas antes de o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) e a OMS (Organização Mundial da Saúde) emitirem o alerta público sobre o número crescente de casos da gripe suína, um sinal já era dado sobre o tema no subúrbio de Seattle, pressentindo o que viria a acontecer.

A Veratect, companhia com dois anos de existência e 50 funcionários, combina algoritmos de computador com análises humanas para monitorar, tanto on-line quanto off-line, sugestões sobre o surgimento de doenças e sinais de inquietação civil em todo o mundo.

Milhares de "eventos" são rastreados a cada mês --e se registrou um número peculiar de doenças respiratórias, ou dados relacionados à venda livre de medicamentos, sem prescrição médica prévia. Outras empresas também tiveram o registro.

As informações eram divulgadas para clientes cujo interesse era saber, antecipadamente, das possíveis ameaças.

O diretor-executivo da Veratect, Robert Hart, disse que a companhia alertou os clientes para uma doença grave, antes mesmo do alerta da gripe suína se tornar público. Os sistemas de computadores da Veratect usam a internet para pesquisas que parecem sair do usual, por meio da "escavação" de indícios. Um time de 30 analistas agrupa os dados.

A Veratect disse ter postado uma informação aos clientes em 6 de abril, descrevendo um número inusitado de problemas respiratórios no Estado mexicano de Veracruz. Depois, detectou uma pneumonia atípica no Estado de Oaxaca, depois de as fontes oficiais já estarem em alerta.

A informação do dia 6 de abril aponta uma comunidade de Veracruz, chamada La Gloria (tida, agora, como o marco inicial da gripe suína), na qual moradores locais culpavam porcos de fazendas vizinhas pela doença respiratória.

"Culpar é uma das muitas indicações de que algo incomum está acontecendo", diz o cientista James Wilson, da Veratect.

A ideia desenvolvida pela Veratect e companhias similares é baseada na pesquisa em blogs, chats on-line, Twitter e sites de imprensa e governo. Locais virtuais que podem responder rapidamente problemas como o surgimento da gripe suína.

A Veratect chamou atenção recentemente pela publicação, em tempo real, da disseminação da doença, e pelos pequenos relatos no Twitter, em que mais de 4.000 pessoas recebem suas atualizações.

Método questionável

Mas céticos questionam sobre como essas companhias podem seguramente detectar indícios significativos de toda a perturbação on-line --ou como eles são essencialmente avaliados em retrospecto. Para complicar o quadro, as companhias são relutantes quanto à revelação das suas fontes e métodos.

Alguns especialistas em saúde pública dizem que não é possível delinear conclusões exatas a partir de ferramentas on-line, ou de relatos de companhias como a Veratect.

"Considero isso interessante, extraoficial, instrutivo, imaginativo, mas volto a enfatizar de que isso é extraoficial", diz Willian Schaffner, da Universidade Vanderbilt e porta-voz da Sociedade de Doenças Infecciosas da América.

Agora, quando algumas das pesquisas da Veratect aparentemente dão frutos, o foco em La Gloria como o epicentro da doença pode ser equivocado.

Phillip Brachman, da Universidade Emory e que liderou por anos o Serviço de Inteligência Epidêmica, disse que o registro da Veratect pode ser um reflexo de desavenças locais. "A cidade provavelmente não gostava da fazenda de porcos", diz. "Por causa do odor."
Imprimir