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Lupi deve reassumir comando do PDT, diz secretário-geral do partido

G1

O secretário-geral do PDT, Manoel Dias, afirmou nesta segunda-feira (5) que o ex-ministro Carlos Lupi, que está licenciado da presidência da legenda, deverá reassumir o comando do partido. Ainda de acordo com Dias, essa decisão será tomada durante reunião do partido nesta tarde.

“O André [Figueiredo, presidente interino do PDT], estava ocupando a presidência em decorrência da licença do Lupi, enquanto o Lupi comandava o ministério. Agora ele reassume a presidência do PDT”, disse.

Lupi apresentou neste domingo (4) o seu pedido de exoneração. Com a saída, Lupi encerra uma trajetória que teve início em março de 2007, no governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por indicação do PDT, permaneceu no cargo no começo do governo Dilma Rousseff, em 2011.

Manoel Dias afirmou ainda que a cúpula do partido vai definir se indicará à presidente Dilma Rousseff nomes para substituir Lupi no Ministério do Trabalho. “Vamos fazer a reunião da Executiva Nacional para decidir se haverá indicação de nomes”, afirmou.

Indagado sobre se o PDT permanecerá na base aliada mesmo que o partido perca o comando do Ministério do Trabalho, Dias afirmou que a questão não está definida. “Vamos decidir isso tudo agora. É um novo momento político, então temos que discutir.”

Pela manhã, Lupi se reuniu com o ministro interino, o secretário-executivo da pasta, Paulo Roberto Pinto. A informação é de que Lupi teria passado detalhes da pasta para o interino.

Manoel Dias afirmou ainda que o PDT não pressionou Lupi a deixar o cargo. Segundo Dias, o ex-ministro e a família dele estão “abalados” com as reiteradas denúncias de irregularidade.

“É um direito dele deixar o comando do ministério, pelas calúnias que sofreu. Isso causou um fato muito forte nele e na família. O partido sempre reiterou o apoio ao Lupi e deixou nas mãos dele que decidisse. E ele, por iniciativa própria, resolveu deixar a pasta”, disse.

6º a cair após suspeitas de irregularidades
Ele é o sétimo ministro a não completar o primeiro ano do mandato da presidente Dilma, sendo o sexto a cair após denúncias de irregularidades. Antes dele, já deixaram o cargo: Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Nelson Jobim (Defesa), Pedro Novais (Turismo), Wagner Rossi (Agricultura) e Orlando Silva (Esportes).

As denúncias contra o ministro Lupi começaram há cerca de um mês, no começo de novembro, quando surgiu a informação de que haveria um esquema de cobrança de propina de ONGs contratadas para capacitar trabalhadores.

Em 12 de novembro, reportagem a revista Veja informou que ele teria utilizado um avião alugado por um empresário dono de ONG, que, por sua vez, tem contratos com o Ministério do Trabalho. Até hoje, ainda não foi esclarecido quem pagou pelo avião.

Além disso, outra denúncia, de que ele teria trabalhado, durante cinco anos, na Câmara Municipal do Rio e, ao mesmo tempo, seria funcionário-fantasma na Câmara dos Deputados, também complicou sua vida. A Procuradoria-Geral da República diz que acúmulo de cargos públicos, em tese, é crime.

Comissão de Ética da Presidência
Lupi também deixa a pasta após a Comissão de Ética da Presidência da República ter recomendado sua demissão. Para os integrantes da Comissão de Ética da Presidência, as explicações do ministro do Trabalho não foram satisfatórias, pois ele não conseguiu informar quem pagou pelo avião particular usado por ele em uma viagem ao Maranhão, em 2009.

O colegiado recomendou à presidente a exoneração de Lupi do cargo porque classificou como “insatisfatórias” as explicações dadas pelo ministro às diversas acusações que vêm sofrendo. Marília Muricy, da Comissão de Ética, afirmou, em relatório, que “é inequívoca a falta de zelo na conduta do denunciado” e destacou que, “mesmo alertado pelos órgãos de controle, não tomou medidas hábeis para evitar as ocorrências que hoje culminam como uma enxurrada de denúncias”.

Declarações polêmicas
Dono de estilo próprio, Lupi tem por costume dar declarações polêmicas. Recentemente, disse que só sairia do cargo "abatido à bala", o que não foi bem recebido no Palácio do Planalto. No dia seguinte, se desculpou com a presidente Dilma Rousseff. "Presidente, desculpe se eu fui agressivo, não foi minha intenção, eu te amo", declarou na ocasião.

Carlos Lupi, que já foi jornaleiro em Ipanema e que se diz herdeiro do brizolismo, deixa o cargo com a marca de milhões de empregos atingidos. Durante sua gestão no Ministério do Trabalho, colheu números altos na criação de empregos formais por conta do forte ritmo de crescimento da economia brasileira e da formalização de microempreendedores. Entre 2007 e outubro de 2011, foram criados mais de oito milhões de empregos com carteira assinada.

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