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Brasil teme efeitos políticos da crise na UE, diz Garcia

Reuters

Os desdobramentos econômicos da crise da dívida soberana dos países da União Europeia são os que mais preocupam o governo brasileiro, mas os efeitos políticos decorrentes das mudanças promovidas até agora também se tornaram uma fonte de preocupação na avaliação do assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.

Sem citar exemplos, Garcia disse que a inquietação brasileira se refere ao "funcionamento do sistema democrático, que o sistema democrático possa funcionar efetivamente, que não fique subordinado a poderes fáticos", disse.

"Isso é um problema real, que o sistema democrático não seja perturbado por exclusão de partes da população", acrescentou Garcia em entrevista aos correspondentes internacionais nesta quarta-feira.

Segundo ele, o governo brasileiro teme que, "no bojo dessa crise, possam florescer alternativas autoritárias", disse.

A crise na Europa tem se aprofundado ao longo deste ano, com sucessivas trocas de governo, motivadas principalmente pela dificuldade desses governantes em dar respostas imediatas aos mercados. Desde o agravamento dos problemas financeiros, Grécia, Itália, Espanha e Portugal tiveram trocas de comando.

Garcia afirmou que não estava falando das ameaças de autoritarismo clássicas, mas do que chamou de "novas ameaças autoritárias". "Aquelas que se constituem muitas vezes em nome de uma certa racionalidade econômica, e que procuram em nome dessa racionalidade econômica impor formas de governo", explicou.

Ele também citou o receio de que ações de xenofobia, promovidas pela própria sociedade civil, ganhem força na Europa, e disse que, da mesma forma como pessoas em outras partes do mundo podem ter preocupações com a exclusão social no Brasil, ou com a proteção do meio ambiente, o país tinha "preocupações com a ecologia política de outras regiões", afirmou.
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