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Tragédia de Angra vai completar 2 anos sem mapeamento das áreas de risco

R7

Dois anos após a tragédia das chuvas que matou 53 pessoas em Angra dos Reis, no litoral sul fluminense, o mapeamento das áreas de risco na região, anunciado à época pelo Inea (Instituto Estadual do Ambiente), ainda não ficou pronto. No Réveillon de 2010, um forte temporal levou abaixo encostas e morros em vários pontos da cidade. Uma pousada de luxo foi soterrada na enseada do Bananal, na Ilha Grande.

O estudo definirá as áreas de baixo, médio e alto risco do centro do município e parte da Ilha Grande. A Prefeitura de Angra dos Reis diz que depende dessas informações para definir os locais que receberão grandes obras de estabilização de encostas. Além disso, o levantamento vai indicar os lugares em que os moradores serão retirados por causa dos riscos de deslizamento.

Sem o mapeamento concluído, a prefeitura se limitou a fazer intervenções nas comunidades onde os riscos são evidentes, como o morro da Carioca, que teve 21 mortos na tragédia das chuvas de 2010. O secretário municipal de Obras, Vingler Martins, diz que já foram gastos cerca de R$ 70 milhões na contenção de morros e encostas e drenagem de rios e canais nos últimos dois anos.

Segundo ele, as grandes obras de urbanização, que podem resolver a situação das comunidades localizadas em áreas de baixo ou médio risco, só sairão do papel depois que o mapeamento for concluído.

Algumas comunidades estão em locais considerados de baixo e médio risco. Nesses lugares, planejamos fazer grandes obras de urbanização, que devem garantir uma maior segurança aos moradores. Ao final do estudo, a prefeitura receberá um mapa de risco geológico e geotécnico, além de um estudo da concepção de um projeto para estabilização de encostas e remoção de residências

O estudo, executado pela Coope/UFRJ (Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), só começou em dezembro de 2010, quase um ano após a tragédia, e deve ficar pronto em fevereiro de 2012. O coordenador do projeto, Willy Lacerda, lembra que a demora na liberação da verba para a execução do estudo, orçado em R$ 1,3 milhão, provocou um atraso inicial de três meses.

- Nós deveríamos começar o estudo em agosto de 2010, mas não foi possível por causa da demora na liberação da primeira parte do recurso, que só foi paga no fim do ano. Depois disso, conseguimos montar uma estrutura para dar início ao mapeamento das áreas de risco em Angra dos Reis.

Além do impasse na liberação da verba, o projeto ainda esbarrou na falta de mapas que mostrassem a real geografia da cidade. Segundo Willy, a Prefeitura de Angra não tinha cartografia atualizada do município, o que inviabilizou o trabalho dos técnicos que saíam a campo para conhecer os locais sujeitos a deslizamentos.

Willy diz que a solução foi encomendar fotos de satélite, mas o mau tempo no primeiro trimestre deste ano impediu que o trabalho fosse realizado, o que resultou em um novo atraso do projeto.

- Nós só retomamos o projeto entre março e abril de 2011. Antes disso, nós percorremos as áreas que eram notoriamente de risco. Nós não tínhamos mapas confiáveis com coordenadas novas nas mãos. Dependíamos dessas informações para sair a campo e reconhecer as outras áreas suscetíveis a deslizamentos.
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