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Análise parcial comprova erro em produção de remédio, diz secretaria

G1

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES) informou, nesta quinta-feira (22), que a análise parcial de uma amostra do medicamento Secnidazol 500 mg comprovou que houve erro na produção do remédio. De acordo com a secretaria, além de identificada a presença de uma substância anti-hipertensiva, o remédio não possui o componente antiparasitário Secnidazol. A Polícia Civil investiga as mortes de dez pessoas que podem ter sido causadas pela ingestão do medicamento, fabricado em uma farmácia de manipulação de Teófilo Otoni, na Região do Vale do Mucuri. Segundo a SES, a análise dos insumos foi realizada nesta quarta-feira (21).

Ainda de acordo com o órgão, a análise foi feita em duas etapas, sendo que a primeira era constatar as propriedades do remédio. O segundo procedimento tinha como objetivo apurar a possível contaminação causada por outros insumos. As amostras do medicamento analisadas foram abertas na presença de um representante da Fórmula Pharma, farmácia responsável, e técnicos da Vigilância Sanitária e da SES.

Os técnicos do Instituto Otávio Magalhães (IOM), da Fundação Ezequiel Dias (Funed), ainda vão examinar o remédio para saber qual é a dosagem das substâncias que funcionam como princípio ativo. O laudo deve ser finalizado no prazo de 30 dias.

Mortes
A Polícia Civil concluiu, nesta quinta-feira (22), a exumação dos corpos de seis pessoas que podem ter morrido intoxicadas pelo medicamento manipulado produzido em Teófilo Otoni. Nesta quarta-feira (21), outros dois corpos foram exumados. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), o material genético recolhido será encaminhado ao Instituto Médico Legal de Belo Horizonte.

Os corpos exumados nesta quinta-feira (22) estavam enterrados nos cemitérios de Caraí, Novo Cruzeiro e Teófilo Otoni, localizados no Vale do Mucuri. Na quarta-feira (21), as coletas foram realizadas em Ladainha, na mesma região. Ao todo, as mortes de dez pessoas são investigadas. Dois corpos não vão passar pelo procedimento de exumação, pois já haviam sido periciados.

No dia 14 de dezembro, a SES informou que investigava uma décima morte que pode ter sido causada por intoxicação após a ingestão do medicamento. De acordo com a secretaria, a vítima teria morrido no dia 22 de novembro. Três pessoas ligadas à farmácia Fórmula Pharma prestaram depoimento no mesmo dia. A Polícia Civil informou que o dono da farmácia de manipulação, uma farmacêutica responsável pela produção dos remédios e o gerente da empresa foram ouvidos.

Investigação
De acordo com a nota divulgada pela SES, a investigação começou no dia 1º de dezembro e aponta uma possível relação entre as mortes e o medicamento Secnidazol 500 mg, produzido pela farmácia de manipulação Fórmula Pharma e utilizado para combater verminoses.

A investigação começou depois de uma notificação de dois casos suspeitos de intoxicação feita no dia 30 de novembro pela Superintendência Regional de Saúde de Teófilo Otoni. No dia 3 de dezembro, foram coletadas amostras na farmácia e foi realizada uma interdição cautelar na área de manipulação de sólidos orais.

Na manhã de sábado (10), técnicos da SES, da Secretaria Municipal de Saúde de Teófilo Otoni e militares da PM foram à farmácia para coletar possíveis provas. Ao chegarem ao local, constataram que, apesar da interdição cautelar, o estabelecimento continuava a dispensar medicamentos manipulados. O local foi totalmente interditado e um boletim de ocorrência contra o responsável pelo estabelecimento foi registrado.

A Secretaria de Saúde faz um alerta para que a população não utilize o Secnidazol 500 mg e nenhum outro medicamento da Fórmula Pharma durante a investigação. Ainda segundo a SES, outras 11 pessoas podem ter usado o medicamento, de acordo com documentos encontrados na farmácia.
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