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Remédio foi preparado com substância errada, diz laudo

Agência Estado

O Secnidazol 500mg manipulado pela Fórmula Pharma, de Teófilo Otoni (MG), suspeito de ter causado a morte de dez pessoas no Vale do Mucuri foi feito com a substância errada. Foi o que confirmou laudo da Fundação Ezequiel Dias (Funed), divulgado hoje pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) de Minas Gerais, segundo o qual foi identificada a presença do anti-hipertensivo Anlodipina Besilato 5mg no medicamento originalmente destinado ao combate a verminoses.

De acordo com a SES, a análise foi feita em amostras apreendidas pela Vigilância Sanitária Estadual e pela Polícia Civil mineira na casa de pacientes que consumiram o medicamento. O material foi avaliado pelo Serviço de Medicamentos, Saneantes e Cosméticos da Funed na presença inclusive do dono da Fórmula Pharma, Ricardo Luís Portilho, acompanhado de dois advogados.

Segundo a SES, a primeira etapa da análise confirmou que não havia presença do antiparasitário Secnidazol no medicamento manipulado no estabelecimento em 14 de novembro. Em seguida, os técnicos analisaram e confirmaram a presença do anti-hipertensivo - já havia a suspeita dessa contaminação cruzada por causa dos sintomas apresentados pelas vítimas. A Funed ainda vai confirmar a concentração da substância.

O secretário de Estado da Saúde, Antônio Jorge de Souza Marques, avaliou que, apesar de o laudo definitivo só ficar pronto em aproximadamente 30 dias, a confirmação da presença do anti-hipertensivo nas cápsulas dá uma "clareza do erro técnico grave" ocorrido na manipulação do medicamento. "Nos solidarizamos com as famílias que sofreram com a perda dos seus entes queridos. Agora, o problema se torna um caso de polícia", afirmou.

A Polícia Civil também já investiga o episódio e hoje realizou a exumação de seis pessoas que morreram após ingerir as cápsulas acreditando tratar-se do medicamento Secnidazol. Duas exumações já haviam sido realizadas ontem. Material coletado entre os restos mortais das vítimas será encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte para confirmar se o anti-hipertensivo causou as mortes.

As últimas duas mortes foram as de Adélia Lopes da Paixão, de 49 anos, e sua filha Letícia Lopes dos Santos, de 22, registradas nos dias 9 e 11 deste mês, respectivamente. Elas foram submetidas a necropsia. As outras vítimas morreram entre 20 e 28 de novembro, todas em municípios do Vale do Mucuri. O IML ainda não concluiu nenhum dos laudos, mas, segundo a polícia, Portilho pode ser indiciado por homicídio caso seja confirmado erro na manipulação do medicamento. A Fórmula Pharma foi interditada pela Vigilância Sanitária Estadual, assim como outras farmácias de manipulação da região que funcionavam sem autorização ou tinham indícios de produzir medicamentos em escala industrial.
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