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Andy Serkis -O maior ator virtual do cinema

Galileu

Ele era o chefe da revista em De Repente 30. Foi secretário de Nikola Tesla em O Grande Truque — aquele dos mágicos. Em A Festa Nunca Termina, fez o produtor do Joy Division. Não lembra? OK: não se envergonhe de não ligar o rosto à pessoa. Toda vez que o ator inglês Andy Serkis fez sucesso de verdade, você não viu a cara dele.

Serkis, de 47 anos, especializou-se em ser o intérprete por trás de personagens criados por computador. Ele foi o Gollum, da série O Senhor dos Anéis, o King Kong, do filme de 2005, e agora, em Planeta dos Macacos: A Origem, acaba de interpretar Caesar, um chimpanzé tão protagonista do filme quanto James Franco, que faz um cientista bonzinho na história. O diferencial desses trabalhos de Serkis é que ele não se limita a dublar os personagens desenhados. Ele atua de verdade: cada expressão de raiva e de dor, cada balanço de corpo, cada macaquice de Caesar é uma reprodução digital dos gestos do ator.

A mágica funciona graças a uma tecnologia chamada performance capture, que ficou famosa no blockbuster Avatar. Com algumas variações, dependendo do objetivo, a técnica costuma ser a seguinte: dezenas de sensores espalhados pelo corpo do ator registram seus movimentos. A imagem que sai disso é um tipo de esqueleto móvel formado por marcadores ópticos. É em cima dessa figura 3D, que reproduz os gestos do intérprete, que os animadores desenham o personagem. Pode não haver nada da pele, do nariz e dos olhos de Andy Serkis em Caesar. Mas as expressões e o jeitão do macaco não saíram só do estúdio de animação. A sutileza desse primata que quer ser gente só foi possível pela arte do ator.

“Com Caesar, o desafio era interpretar não apenas um chimpanzé, mas um que tinha sido submetido a uma droga que alterou sua inteligência”, explica Serkis. “Eu precisava antropomorfizar esse chimpanzé. Ele é como uma criança superdotada.” O ator baseou sua atuação num chimpanzé real chamado Oliver, que assombrou os estudiosos nos anos 1970. O macaco era totalmente bípede, tinha uma cabeça quase sem pelos, e não queria saber de ficar com outros chimpanzés – só se relacionava com seres humanos. É mais ou menos o que acontece no filme com Caesar. Ele vive uma infância mimada na casa do cientista Will Rodman (James Franco), tomando café da manhã à mesa com a família e sendo tratado como filho. Até que, numa tentativa de proteger o pai de Will, um doente de Alzheimer, acaba ferindo um vizinho e vai para a jaula com outros símios. É um dos momentos de maior comoção no filme. Caesar, que se comunica com linguagem de sinais e é sensível como uma criança, quase humano, é obrigado a viver com as feras. “A performance capture permitiu que eu não apenas imitasse movimentos de macaco. Eu estava interpretando essa personalidade confusa e cheia de conflitos que existia dentro dele”, diz o ator.

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