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Para economista da Fipe, sucesso das políticas anti-cíclicas depende da duração da crise

ABr

O economista Fernando Botelho, pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da Universidade de São Paulo (USP) avaliou positivamente iniciativas do governo para minorar os efeitos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira. Em sua avaliação foram acertos, por exemplo, a redução e isenção de IPI para os carros e materiais de construção. “Esses setores têm respondido e compensado o desempenho de outros setores como, por exemplo, o comércio, que tem perdido muito emprego”, comparou.

Conforme Botelho as ações, no entanto, são “parciais” e “localizadas”, não eliminam a vulnerabilidade da economia e o sucesso depende da interrupção do quadro negativo. “O sucesso dessas políticas depende do horizonte da crise. Pode ser que essas estratégias do governo nos livre até de uma recessão. O problema é se a crise demorar muito tempo para acabar. Será que o governo tem munição para segurar essas políticas que são muito onerosas para o Tesouro Nacional?”, indagou.

A duração da crise também pode afligir as políticas de proteção contra o desemprego, ressaltou Fernando Botelho. De acordo com o pesquisador, poderá ser preciso ampliar o seguro-desemprego e ele questionou “se, de fato, o Ministério do Trabalho está capitalizado via recursos do FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador] e do FGTS [Fundo de Garantia por Tempo de Serviço] para fazer frente à necessidade de extensão do seguro-desemprego por mais tempo”.

Botelho enfatizou o caráter paliativo da proteção. “As medidas de reposição de renda, seguro-desemprego ou outras políticas sociais mais duradouras não conseguem preencher esse vazio deixado pelo desemprego”.

O sucesso das políticas será avaliado no próximo ano pelo eleitor brasileiro, lembra o economista. Em sua avaliação, “o governo tem feito uma aposta de que a crise vai ser passageira. Se isso for assim, terá pouco impacto na popularidade do presidente e de sua candidata”, comentou, fazendo referência à ministra Dilma Roussef (Casa Civil). “Se a economia continuar caindo, vai ser difícil. Vai ter impactos eleitorais importantes e vai ser muito difícil o presidente Lula fazer seu sucessor”, prevê.


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