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Veja o que priorizar na escolha da nova escola para os filhos

Terra

Para os pais, uma das principais preocupações de fim de ano é sobre a escola em que matricularão seus filhos no ano seguinte. Escolher entre as mais de 194 mil escolas públicas e privadas no País é uma dor de cabeça para muitas famílias. Antes de tomar a decisão, aspectos como as prioridades da escola e a proposta pedagógica devem ser levados em conta.

A primeira visita à instituição é um momento importante para avaliar a maneira como os estudantes são tratados, defende Patrícia Corsino, professora da graduação e da pós da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ela afirma que determinadas ofertas, como o ensino de línguas ou o incentivo à prática de esportes, podem ser tentadoras, mas que há outros fatores que merecem atenção. "As crianças brincam na escola? São felizes? A expressão é valorizada? Refiro-me à expressão artística e criativa. Você vê trabalhos nos murais ou nas paredes?", questiona.

A professora sugere que os pais aproveitem a oportunidade para perguntar sobre o método de ensino e as prioridades do colégio. Muitas vezes, o foco é nos resultados quantitativos - isto é, na capacidade de transmitir conteúdos -, em contraponto ao foco na formação humanística e social do aluno.

Na rede particular de ensino, é possível encontrar ofertas distintas de proposta de ensino, vantagem apontada pela presidente do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe) do Distrito Federal, Fátima de Mello Franco. Os pais devem, em sua opinião, ater-se a isso na hora de buscar informações. "A escola humanista acredita que a educação é um processo que visa ao desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes que venham a contribuir para a aprendizagem e a construção de valores, em que o professor é um facilitador da aprendizagem, e o aluno é o agente. Já a escola conteudista visa à transmissão do conhecimento, e o aluno normalmente não questiona o que aprende", explica.

No entanto, a metodologia que prioriza o conteúdo, comum em escolas focadas no vestibular, está em vias de desaparecer, defende o superintendente do Sinepe do Espírito Santo, Geraldo Diório Filho. Ele afirma que, com o advento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como processo seletivo em diversas universidades, as escolas vão precisar modificar a forma de ensino. Já que a prova feita pelo governo federal avalia a capacidade de apreensão do conhecimento, não haverá mais espaço para a famosa "decoreba".

Pais devem buscar escola com princípios semelhantes aos da família
Em relação ao papel da escola, a professora da UFRJ defende que deva ser a promoção da função social e cultural na sociedade, sendo espaço de discussão, diálogo, troca e criação. Já Diório Filho compara o processo educacional entre escola e aluno ao trabalho em uma usina transformadora: a matéria-prima entra, é trabalhada e modificada e, no fim, sai de uma forma diferente de como entrou, descreve. "O mais aconselhável aos pais é certificar-se, no discurso de apresentação da identidade da instituição, se há concordância com a forma como a escola promete que o filho saia (dela)", orienta.

A escolha da escola é uma decisão que afetará para sempre o futuro dos filhos. Para o superintendende do Sinepe do Espírito Santo, na hora da decisão, vale observar ainda se o colégio é religioso ou não. "É preciso encarar a forma de moral que a instituição ensina e se vai de encontro à tradição da família. Se sou católico e coloco meu filho numa escola batista, vai haver conflitos, visto que a forma de pensar é diferente", exemplifica. Além disso, ele aconselha a observar o espaço físico da instituição e a forma como é feita a interação entre diferentes conteúdos, como física, química, arte, esportes ou línguas.

Segundo Diório Filho, os pais precisam saber se a proposta pedagógica da escola está de acordo com o que pensam. Entretanto, frisa: "A escola aprimora aquilo que o aluno traz de casa. É possível potencializar isso, mas não reestruturar um aluno que já possui determinados ensinamentos dados pela família". Patrícia acrescenta: "Numa boa escola, o professor também é autor de seu trabalho. Boa escola desenvolve projetos a ver com as preocupações das crianças e do grupo", opina.

Somados a estas preocupações, outros fatores podem ser levados em conta, aponta Fátima, como a credibilidade da instituição, a proximidade da escola em relação à residência, a qualidade do corpo docente, o preço da mensalidade e o número de ofertas extraclasse.

Pais levam em consideração desejo dos filhos
Eliane Melecci, de Porto Alegre, mãe de Pedro, 14 anos, e de Lucca, 13 anos, conta que pesou diversas informações para escolher a nova escola dos filhos, que passaram para o 1º ano do Ensino Médio e para a 7ª série de um tradicional colégio da cidade, respectivamente. Ambos estudavam em um colégio pequeno e a mãe optou por uma instituição com um grande número de alunos, onde houvesse uma maior diversidade de pessoas.

A ideia era que Pedro e Lucca não ficassem limitados a um grupo de colegas para se enturmar. Além disso, o novo colégio valoriza bastante o esporte, importante para os garotos, que participavam da equipe de futebol da antiga escola. Para finalizar, a nova instituição de ensino se saiu bem no último ranking do Enem e fez uma seleção de alunos para um intercâmbio no Canadá, vencida por Pedro.

A opinião dos filhos também foi levada em consideração. "Em princípio, ambos não queriam, mas depois conversamos e concordaram. Foi em comum acordo, não foi imposto", afirma Eliane. É o que Patrícia recomenda na hora do diálogo em família. De acordo com a professora, é preciso ter um equilíbrio entre a vontade dos pais e dos filhos: "Tem momentos em que temos de ouvir as crianças, mas os pais é que são os responsáveis por elas". No entanto, Geraldo Diório concorda apenas em parte: "Os filhos não têm maturidade suficiente para decidir o que é o melhor para si. Os pais é que sabem", afirma.

Veronica da Costa, também de Porto Alegre, mãe de Carlo, 14 anos, e de Antonella, 16, conta que optou pela nova escola por dosar bem duas prioridades que tinha. "Não só educação de informação e conteúdo, mas também educação de princípios. Procurei casar essas duas coisas", diz. Segundo a mãe, a nova escola atenta muito para o comportamento dos jovens, tratando de assuntos como violência. Veronica ainda levou em conta as referências dos familiares e de Antonella, que já estudava no futuro colégio de Carlo.
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