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Aprovados no ITA estudaram 14h por dia e 'sacrificaram' até TV e internet

G1

Passar em um vestibular concorrido como o do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) exige uma rotina pesada de estudos, além de abdicar de hábitos que podem tirar a concentração, como TV ou internet. Para garantir a vaga em um dos cursos de engenharia mais concorridos do Brasil também é necessário ter determinação, pois é muito comum o candidato não ser aprovado na primeira tentativa.

A primeira lista de chamadas do vestibular do ITA deste ano foi divulgada nesta sexta-feira (30). Um total de 9.337 candidatos inscritos disputaram 130 vagas, sendo dez destinadas aos militares. Depois de aprovados no teste escrito, os candidatos precisam passar pela avaliação médica.

A aprovação no ITA foi muito comemorada por Ana Luiza Ferron Zanella, de 19 anos. A estudante de Pato Branco (PR) sonhava desde criança trabalhar com aviões. No ano passado, prestou o vestibular do ITA, mas percebeu que precisaria se dedicar muito mais aos estudos. “O ITA é uma instituição de qualidade muito elevada, e entrar lá é um sonho possível.” Ana Luiza foi estudar no cursinho Poliedro e morar em uma república de estudantes em São José dos Campos. Não tinha TV nem internet em casa, tudo para não tirar o foco dos estudos. Ela estudava 14 horas por dia. “É um projeto de vida. Tem que abrir mão de algumas coisas. Agora quero realizar meu desejo de construir aviões.”

'Só parar para comer ou tomar banho'
O estudante Ivan Lopes da Rocha passou agora no ITA depois de três tentativas. Ele fez o ensino médio em uma escola pública de Praia Grande (SP), e precisou de dois anos de estudo intenso no cursinho para entrar no instituto. Além do ITA, Ivan prestou o vestibular do Instituto Militar de Engenharia (IME). “Achei a prova do IME mais difícil que a do ITA”, diz Ivan, aprovado em engenharia eletrônica. Para quem sonha fazer o vestibular do ITA, Ivan dá o conselho. “Tem que esquecer todo o resto. Coisa do tipo: dormir só sete horas por dia, fazer as aulas e só interromper os estudos para comer ou tomar banho.”

Mudança de casa

Sarah Villanova Borges, de 18 anos, também está na lista dos aprovados, após tentar uma vaga no ITA pelo segundo ano consecutivo. Ela deixou a casa dos pais em Juiz de Fora (MG) para fazer cursinho em São José dos Campos, em São Paulo. "Fiquei em uma pensão até o meio do ano, depois dividi apartamento com uma colega. Estudava todos os dias, só parava aos domingos." Sarah foi incentivada a fazer engenharia pela mãe e diz que se prepara desde o primeiro ano do ensino médio para entrar no ITA. "Sabia que seria difícil, o mais complicado foi ter de tentar de novo, pois já tinha sentido a rejeição. Mas quem não passou aconselho a tentar de novo. Receber uma ligação do ITA avisando que você passou é a melhor sensação de todas."

Matteus Bueno Caprecci, de 19 anos, quase entrou no ITA no ano passado. “Faltou 0,3 pontos para mim”, diz. Foram dois anos de cursinho para realizar o sonho de estudar engenharia aeronáutica. Matteus, que é de Sorocaba (SP), foi morar com os avós em São Paulo. Dedicação exclusiva para os estudos. “Eu acordava todo dia às 7h e estudava até 11h50. Almoçava, ia para o cursinho e ficava lá até 21h. E ainda estudava mais 1h em casa à noite”, conta. Ele também fez aulas aos sábados e simulados aos domingos. Agora, Matteus se prepara para uma nova maratona de estudos. “Dizem que mais difícil de entrar é conseguir sair formado do ITA. Mas não deve ser tão puxado quanto no cursinho.”

Regras

Os estudantes aceitos pelo ITA têm direito à alimentação, assistência médica e odontológica e alojamento no campus (para este benefício é cobrada uma taxa de R$ 50 por mês).

Se o aluno optar pela carreira militar, a partir do terceiro ano do curso, tem direito a um salário de cerca de R$ 4.000 por mês. Entres os estudantes que têm essa opção, apenas 30% aderem à carreira militar. Ao se formarem, os militares são designados para uma unidade da aeronáutica e têm de ficar pelo menos cinco anos à disposição.

São seis os cursos de engenharia do ITA: aeronáutica, eletrônica, mecânica, civil, aeroespacial e de computação. Do número total de inscritos, pouco mais de pouco mais de 25% são mulheres (2.370). O índice é o maior dos últimos dez anos (o recorde anterior era do vestibular 2009, com 24,1% de mulheres inscritas), assim como o total em número absoluto de mulheres.

Os cursos do ITA são integrais, têm duração de cinco anos, sendo que os dois primeiros são básicos para todos os tipos. O instituto só aceita estudantes nascidos no Brasil e com no máximo 23 anos, completos no ano da inscrição. No ano passado, houve uma situação atípica, por conta de uma decisão judicial, e foi permitido o ingresso de candidatos acima desta idade. Neste ano, a restrição de no máximo 23 anos foi regulamentada por lei.
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