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Falta de recursos próprios faz Peixe acabar com futsal e time feminino

Globo Esporte

O presidente do Santos, Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, convocou uma entrevista coletiva nesta terça-feira, na Vila Belmiro, para anunciar o fim do time feminino do clube e também do de futsal. E a explicação foi simples: se continuasse com as modalidades, ambas dariam prejuízo financeiro em 2012.

- Não podemos voltar à época de amargura - comentou.

O motivo para o fim das duas modalidades foi a falta de patrocínio. O futsal exigia mais recursos financeiros, por conta da presença de Falção, eleito o melhor jogador do mundo, e com salário alto. Segundo o mandatário do Peixe, os investidores romperam o contrato durante o ano passado e, ao contrário de outros times, o Santos, por ter tradição no futebol de campo, não recebe nenhuma ajuda de prefeitura para manter equipes em outros esportes.

- No futsal, tínhamos uma boa visibilidade, mesmo com televisão fechada. Mas a conta era alta para se pagar, e o Santos não pode se dar ao luxo de ter uma modalidade que não é auto-sustentável. Não há nenhum outro clube que tenha o futsal como o Santos teve. Mas, sem investimento, fica complicado. Não vamos colocar um time lá só para falar que temos. Ou entramos com os melhores jogadores, ou não entramos - explicou.

No futebol feminino, o custo era menor que no futsal. O problema é que, ao contrário do time liderado por Falcão, não existe visibilidade nos jogos do Peixe nesta modalidade. Nem mesmo a Copa Libertadores, vencida pelo clube em 2009 e 2010, fez com que as mulheres ganhassem mais atenção de novos patrocinadores.

- Sem jogos passando na televisão, não há exposição da marca, com isso não há patrocínio. O Santos passou os últimos meses investindo neste esporte sem retorno, tirou dinheiro do seu caixa para continuar mantendo a equipe. Mas uma andorinha só não faz verão, até a CBF não tem muito interesse por esta modalidade - completou Luis Alvaro.

O presidente também reconheceu que a manutenção de Neymar no time principal fez com que os gastos fossem remanejados. Setores que não fecham o mês no azul estão sendo analisados e sofrendo cortes.

- A operação para o Neymar ficar foi inédita, ousada, mas tem um custo. Com os títulos que o time principal conquistou nos últimos anos, a folha salarial (do time principal) teve de ser reajustada, porque todos os atletas foram valorizados. É normal reduzir custos, a decisão sobre isso é sempre complicada, mas vivemos um período de transição no futebol feminino, para que se pense com mais atenção neste esporte olímpico. Quem sabe um choque não pode fazer as coisas mudarem - finalizou.

A atacante Erika, que está a caminho do futebol da Coreia do Sul, ficou ao lado do presidente santista durante boa parte da entrevista coletiva. Emocionada, falou sobre o término do projeto no time da Baixada Santista.

- Foi difícil até de dormir, fico me perguntando o que eu poderia fazer para tentar mudar isso, mas não consigo achar uma solução. Recebi uma proposta da Coreia, aceitei, vou jogar lá agora, mas fico pensando nas outras meninas que não vão conseguir mais um time para jogar. Isso tudo é muito difícil - lamentou.
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