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Abordagens policiais na Cracolândia já passam de 900, diz PM

G1

Balanço da PM divulgado na manhã desta sexta-feira (6) aponta que o número de abordagens policiais na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo, já passou de 900 desde o início da Ação Integrada Centro Legal, realizada desde terça (3). Segundo a PM, até as 11h desta sexta, foram realizadas 912 abordagens policiais, 80 abordagens sociais e cinco encaminhamentos para hospitais.

Um total de 18 pessoas foram detidas. Ocorreram três prisões por tráfico de drogas e uma prisão por receptação. Dos detidos, catorze são condenados pela Justiça foram recapturados. Nenhuma arma foi apreendida.

No período, houve 137 abordagens de agentes de saúde. Não houve encaminhamento de pacientes para tratamento de saúde mental. O balanço contabiliza nove encaminhamentos para serviços de saúde e quatro encaminhamentos para porta de entrada dos serviços de saúde. Dez toneladas de lixo já foram retiradas do local.

Na quarta-feira (4), a Prefeitura informou que, por vontade própria, ao menos 23 crianças procuraram ajuda em uma unidade de saúde.

Segundo a PM, o objetivo inicial é coibir o tráfico e depois abrir espaço para o trabalho de assistentes sociais. Ainda de acordo com a corporação, as ações na Cracolândia serão desenvolvidas de maneira permanente, "não havendo, assim, previsão para o término".

Reportagem do SPTV desta sexta-feira mostrou que a retirada dos dependentes químicos da região da Cracolândia tem deixado moradores e comerciantes de bairros da região central de São Paulo preocupados. Os usuários de crack têm migrado para o Largo Santa Cecília e Campos Elíseos.

No Campos Elíseos, homens e mulheres estavam fumando crack nas ruas nesta manhã. Isabel de Araújo, dona de uma loja de produtos de limpeza, levou um susto nesta sexta . “Tinham 20 pessoas na porta. Quando abri fiquei com medo. Eles estão migrando.”

A comerciante Silvia Soares trabalha perto da praça Princesa Isabel e também está apreensiva. “Eles estão andando por toda parte.”

Três fases
A PM diz que a ação na Cracolândia é dividida em três fases. A primeira será de atuação da polícia contra o tráfico de drogas em conjunto com uma operação de zeladoria da Prefeitura em casarões e ruas.

A PM estima que dentro de 30 dias após a prisão de traficantes e o restabelecimento da ordem na região se inicie a segunda fase, com a participação de assistentes sociais e agentes de saúde, que farão o encaminhamento dos dependentes químicos para albergues, Assistência Médica Ambulatorial (Amas) e, se preciso, internação para tratamento e reinserção social.

A terceira e última fase - considerada a mais difícil - é a de manutenção deste cenário, para que os dependentes possam se recuperar plenamente. A intensificação da Ação Centro Legal, iniciada há dois anos e meio, começou a ser planejada entre outubro e novembro de 2011, através de reuniões da PM com o governador Geraldo Alckmin, secretários estaduais, municipais e o prefeito Gilberto Kassab.

Faxina
Em dois dias de operação, também foram recolhidas 14,5 toneladas de resíduos espalhados pelas principais vias da região da Cracolândia, segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura. Além da retirada de entulho, bueiros e ruas da região passaram por uma lavagem completa. Para tanto, foram utilizados nove veículos entre caminhões pipa, coletores e tratores com pá carregadeira.

Kassab
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, considerou nesta quarta-feira “um avanço” a ação que acontece na Cracolândia. “[Ação] não é enxugar gelo. São pessoas dependentes, doentes. Já é um avanço estarem em uma região que tem polícia, que passará diariamente por processo de limpeza urbana, uma região em que as pessoas sabem que têm a possibilidade de serem encaminhadas para equipamentos adequados, onde serão submetidas a tratamento”, afirmou o prefeito.

Para Kassab, o grande desafio é convencer as pessoas a aceitarem tratamento especializado para abandonar o uso das drogas. “[O convencimento] é o grande desafio da humanidade nos grandes centros urbanos. Felizmente, a Prefeitura, nos últimos tempos, tem conseguido ser feliz na abordagem. Cada vez mais ela consegue levar as pessoas para tratamento”, declarou.
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