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Guiné Equatorial abre torneio com técnico brasileiro e time 'estrangeiro'

Globo Esporte

O dia mais importante da história de uma seleção. Co-anfitriã da Copa Africana de Nações, ao lado do Gabão, a Guiné Equatorial terá um sábado de estreias para o seu futebol. O jogo de abertura da competição contra a Líbia é também a primeira partida do país na história da CAN. E tudo isso sob a batuta de um brasileiro. Ex-técnico do pré-mirim do Vasco, o carioca Gilson Paulo é o treinador da Guiné Equatorial. Mais: a equipe conta com 12 naturalizados, incluindo o goleiro brasileiro Danilo, do América-PE.

Será a primeira vez que a Guiné Equatorial disputará uma grande competição. Os 'Nzalang', como são conhecidos, ocupam a 150ª colocação no ranking da Fifa, sendo apenas a 42ª melhor classificada entre as seleções africanas.

Portanto, a responsabilidade de Gilson é grande. O jogo deste sábado contra a Líbia do técnico Marcos Paquetá, às 15h30 (horário de Brasília), em Bata, ganhou dimensões de final de Copa do Mundo no país, que tem uma população de um pouco mais de 600 mil pessoas e o maior PIB do continente africano.

Teodoro Nguema Obiang Mangue, filho do presidente e ditador da Guiné, Teodoro Obiang Nguema Mbasolo – no poder desde 1978 -, ofereceu, do próprio bolso, US$ 1 milhão (R$ 1,7 milhão) pela vitória. Cada gol renderá um extra de US$ 20 mil (R$ 35 mil) aos jogadores.

Falar com Gilson é difícil. O GLOBOESPORTE.COM procurou o treinador nas redes sociais, fez contato com sua filha e somente conseguiu falar com o técnico pela internet uma vez, mas o comandante da Guiné Equatorial saiu rapidamente da entrevista, sem responder depois os e-mails enviados pela reportagem.

- O clima no país é muito bom. Todos estão muito animados e voltados para a competição. O povo da Guiné Equatorial é apaixonado pelo futebol - disse Gilson Paulo.O incentivo financeiro e o apoio popular, entretanto, podem não ser o bastante para levar a inexperiente seleção da Guiné Equatorial à segunda fase da Copa Africana. Gilson Paulo reconhece as dificuldades, mas afirma acreditar em uma campanha vitoriosa.

- Eu não poderia pensar diferente, caso o contrário não estaria aqui. Porém, reconheço que se eu tivesse chegado há mais tempo, as chances seriam maiores, pois teria mais tempo para treinar e armar um time competitivo.

Um time internacional

De fato, o pouco tempo do brasileiro à frente da Guiné Equatorial é um problema. Chamado às pressas para substituir o experiente técnico francês Henry Michel, que deixou a seleção reclamando das constantes interferências da federação e do governo nas convocações e escalações do time, Gilson embarcou no último dia de 2011 para o desafio. Ao lado do auxiliar, passou o réveillon dentro do avião.

- Recebi o convite no final do ano. Fui procurado por meio de indicações e pelo meu currículo. Embarcamos às 4h da manhã do dia 31 e passamos o réveillon viajando.

Gilson Paulo, no entanto, não é o único brasileiro a representar a Guiné Equatorial na Copa Africana de Nações. Danilo, goleiro do América-PE, será o responsável por defender a meta do anfitrião do torneio. Naturalizado guiné-equatoriano desde 2006, o jogador começou no Sport e nunca saiu do futebol pernambucano. No último dia 9, embarcou para a África para disputar a competição.

Importar jogadores para defender o país, aliás, parece ser uma prática comum. Além de Danilo, outros 11 atletas são naturalizados. Mais da metade do time convocado. São cinco camaroneses, dois marfinenses, dois colombianos, um nigeriano e um liberiano. A justificativa da federação local é que a maioria dos naturalizados é descendentes de guinés-equatorianos. No entanto, tem adversário incomodado com a situação.

- É no mínimo estranho – contestou o brasileiro Marcos Paquetá, treinador da Líbia, adversária da Guiné Equatorial na estreia na Copa Africana, neste sábado.

Veja a lista de convocados da Guiné Equatorial para a CAN:

Goleiros: Danilo Emanuel (América-PE, Brasil); Felipe Ovono (Sony de Ela Nguema, Guiné Equatorial); Achil Pensi Muokembe (The Panter F. C., Guiné Equatorial).

Defensores: Lawrence Sokota Doe (Al Shabab, Oman); Jose Bokung (Deportivo de Mongomo, Guiné Equatorial); Rui Fernando da Gracia Gomes (Logroñés F. C., Espanha); David Álvarez (Langreo F. C., Espanha); Armando Sipoto Buale (Badajoz F. C., Espanha); Raúl Ivan Fabiani Bosio (C. D. Alcoyano, Espanha).

Meio-campistas: Ben Esono Konate (The Panter F. C., Guiné Equatorial); Daniel Vázquez Evuy (Villaviciosa, Espanha); Rolán de la Cruz Biyogo (Fortaleza F. C., Colômbia); Juvenal Edjogo Owono (Sabadell F. C., Espanha); Narcisse Ekanga Amia (TP. Mazembe, R. D. Congo); Raúl Juan Máximo Eyama (Deportivo de Mongomo, Guiné Equatorial); Jose Javier Balboa Osa (SC Beira-Mar, Portugal); Fousseiny Kamissoko (Al Shabab, Oman).

Atacantes: Ellong Douwala Viera (Sony de Ela Nguema, Guiné Equatorial); Rodolfo Bodipo (Deportivo La Coruña, Espanha); Iván Bolado Palacios (Cartagena F. C., Espanha); Iban Iyanga “Randy” (Unión Deportiva Las Palmas, Espanha); Thierry Fidjeu Tazemeta (Kombassan Konya Sport, Turquia); Daniel-Bladimir Ikedo (San Roque de Lepe, Espanha).

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