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‘9 MM: São Paulo’ volta para mostrar ‘lado humano’ da polícia

G1

Grupos de extermínio dentro da Polícia Militar, a ação de facções criminosas, a morosidade da justiça para garantir proteção às testemunhas, as condições precárias no qual trabalham os investigadores da Divisão de Homicídios. Denúncias comuns nas páginas policiais serão tema da primeira temporada da série “9 MM: São Paulo”, com estreia marcada para o próximo dia 14, às 22h.

Criada para ter apenas quatro episódios - que foram ao ar há um ano - a atração mostrou fôlego para ser um projeto mais ambicioso. Em 2008, foi eleita “a melhor série de televisão” pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), além de conquistar a liderança de audiência na TV por assinatura.

O êxito fez o canal Fox transformar a microssérie em série. E esta primeira temporada já tem nove episódios gravados, ou melhor, filmados – palavra que o diretor Michel Ruman faz questão de enfatizar. “Filmamos em HD, em ritmo de produção cinematográfica”, diz. “É cinema para a televisão”.

Segundo o diretor, o fato de “9 MM: São Paulo” não ter deixado um final em aberto em sua primeira exibição não atrapalhou o desenvolvimento de novos episódios. “Fizemos uma microssérie com início, meio e fim. Mas deixamos algumas pontas que ainda poderiam ser exploradas”.


As “pontas” são os dramas pessoais da equipe policial que movimenta a trama, formada pelo delegado Eduardo (Luciano Quirino) e pelos investigadores Horácio (Norival Rizzo), Luísa (Clarissa Kiste), Tavares (Marcos Cesana) e 3P (Nicolas Trevijano).



“Eduardo é um delegado negro, da periferia, que entrou para a polícia por idealismo”, explica Quirino. “Ele quis seguir a carreira do pai, com quem não tem uma boa relação. E isso será mostrado nessa primeira fase”.



Outro tema a ser explorado será o embate ideológico entre os investigadores Horácio e Luísa. “Ele é da velha guarda policial, usa métodos nada ortodoxos no trabalho. Já a Luísa é ligada aos direitos humanos, é mãe”, explica a atriz Clarissa Kiste.



Além de mostrar o “lado humano” dos policiais, a série volta com uma estrutura mais poderosa. Segundo a Fox, esta primeira temporada terá um elenco fixo de 200 atores, 1,2 mil figurantes e filmagens em 400 locações. “São Paulo está representada no cinza que permeia cada episódio, na falta de arborização dos bairros da periferia”, diz Ruman.

Concorrência


Nesta volta, “9 MM: São Paulo” não será a única produção da televisão brasileira passada nos corredores de delegacias. Na TV aberta há três novas atrações do gênero: a série “Força tarefa”, da Rede Globo, além do especial “A lei e o crime” e a novela “Poder paralelo”, da Rede Record.


“A teledramaturgia brasileira explora pouco as obras de gênero. O que se vê na TV aberta é uma tradição em séries de comédia ou drama”, avalia Roberto d’Avila, produtor executivo de “9 MM: São Paulo”. “E o curioso é que nosso país tem um material tão farto sobre segurança pública. A criminalidade e a ação da polícia estão todos os dias estampadas nos jornais”.


No entanto, não foi só nas colunas policiais que os roteiristas e atores buscaram inspiração para desenvolver seus personagens. “Existe toda uma gíria policialesca e da bandidagem de São Paulo que tivemos de aprender”, diz o roteirista Newton Cannito. “Conversamos com agentes, fomos até a Divisão de Homicídios para se aprofundar em alguns casos”.


Segundo Cannito, a forma que a série mostra a polícia está longe de ser maniqueísta. “Se mostrássemos de forma heróica, talvez nos chamassem de fascistas. Todos sabem que há abusos dentro da polícia”, avalia. “Não queremos mostrar nem vilões, nem bonzinhos. Cada personagem da série tem sua razão e nossa intenção é mostrar que cada um tem a sua lógica”.
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