Existem poucas possibilidades de alcançar um acordo para reduzir as emissões de gases que provocam o aquecimento global, a menos que as empresas pressionem os governos. A advertência foi feita pela diretora da Convenção sobre o Clima das Nações Unidas, Christiana Figueres, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos.

"Enquanto so governos disseram em Durban [na 17ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas]'sim, vamos dedicar os próximos três anos para negociar e fechar um acordo legalmente vinculante para 2015', sejamos claros: isso não vai ocorrer", disse Figueres.

"Isso não vai acontecer de cima para baixo. Só vai acontecer de baixo para cima, se a iniciativa privada participar".

"A menos que ocorra a partir de baixo, a menos que consumidores, setor privado, sociedade civil façam uma forte pressão nos governos, que digam sim, isto é o que queremos, como seres humanos é o que queremos, não vai ocorrer porque é muito grande", advertiu.

As longas negociações de dezembro, na COP17, em Durban, chegaram a um amplo consenso para selar um novo acordo para 2015, com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento do planeta.

As empresas não estão livres do aquecimento terrestre e de seus efeitos climáticos, alertou Figueres, que lembrou que as recentes inundações em Bangkok, Tailândia, provocaram o "encerramento de 25% da produção mundial de componentes de computador".

"Se isso não é um exemplo de como estamos interligados, como os governos e o setor privado precisam trabalhar juntos, não há nenhum outro exemplo mais convincente que este", afirmou.