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Lula pede pressa na solução para a poupança

AE

 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem à equipe econômica que apresse os estudos sobre as novas regras da rentabilidade da caderneta de poupança. O debate vem se arrastando há quase dois meses - desde que o Banco Central (BC) acelerou o corte da taxa básica de juros, a Selic - e o governo não quer que os poupadores comecem a sacar o dinheiro por temer medidas futuras. Em março, os saques da poupança superaram os depósitos em R$ 846,8 milhões. Em abril, até o dia 29, as perdas chegaram a R$ 2,323 bilhões.

Nas reuniões de ontem, os economistas do governo discutiram o pedido de Lula para que o valor poupado a proteger com a rentabilidade atual - variação da Taxa Referencial (TR) mais 6% ano - seja "mais alto" que os R$ 20 mil que chegaram a ser propostos no início dos debates. Ontem, o debate girou em torno do teto de R$ 100 mil - a ideia é deixar de fora da proteção especial não mais que 5% dos poupadores. Segundo dados do BC, cerca de 93% dos poupadores têm menos de R$ 5 mil na conta.

O debate sobe as regras da poupança foi destravado com a tendência de o BC fazer novos cortes na taxa básica (Selic) - hoje em 10,25%. A continuar no ritmo de cortes na casa de um ponto porcentual por mês, a caderneta pode virar uma opção de investimento mais atrativa que os títulos públicos - base dos fundos de investimento. Em março, a poupança rendeu 0,64%. Os fundos de renda fixa, que renderam 0,91%, são grandes compradores dos papéis da dívida pública. Se houver migração maciça dos fundos para a poupança, o governo pode ter dificuldade de rolar sua dívida.

Partidos políticos

O PSDB e o DEM vão se juntar hoje ao PPS e engrossar a campanha que pressiona o governo a não mexer nas regras da poupança. A adesão foi motivada por uma pesquisa de opinião em que 76% da população disse ser contra mexer na rentabilidade da caderneta.


A campanha vinha sendo carregada solitariamente pelo PPS, que já chegou a comparar o debate interno do governo sobre a rentabilidade da caderneta ao confisco do governo Collor, em 1990. Ontem, numa reunião dos três partidos, os líderes da oposição decidiram que vão divulgar hoje uma nota conjunta desafiando o Planalto a não mexer nas regras da poupança e cobrando a contínua redução dos juros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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