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Nova relatora da CPI inclui pedido de indiciamento de Dantas por escutas telefônicas

Folha Online

A nova relatora da CPI das Escutas Clandestinas da Câmara, deputada Iriny Lopes (PT-ES), incluiu no relatório final da comissão o pedido de indiciamento do banqueiro Daniel Dantas, do Grupo Opportunity, por escutas telefônicas clandestinas. A relatora disse haver indícios de que Dantas contratou empresa para realizar escutas ilegalmente durante a disputa do Opportunity com a Telecom Italia para a aquisição da Brasil Telecom.

Lopes disse que o deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), ex-relator da CPI, havia decidido incluir o indiciamento de Dantas no texto final da comissão. Na primeira versão apresentada à CPI, Pellegrino não sugeriu o indiciamento de Dantas nem de Paulo Lacerda, ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), nem Protógenes Queiroz, responsável pelo comando da Operação Satiagraha, na Polícia Federal.

"O deputado Pellegrino gostaria de apresentar um relatório complementar para fazer pequenos ajustes e incluir o indiciamento do Dantas. Na disputa entre o Opportunity e Telecom Italia, ele acredita que ambos os lados se utilizaram os métodos espúrios [de escutas]", afirmou a relatora.

A reportagem procurou a assessoria de Dantas para comentar o pedido de indiciamento, que ainda não se manifestou.

Iriny Lopes assumiu a relatoria da CPI com a ausência de Pellegrino, que licenciou-se da Câmara para assumir a Secretaria de Justiça do Estado da Bahia. Em 48 horas, a nova relatora leu e analisou os quatro votos em separado apresentados à comissão pela oposição, PSOL e deputados Marcelo Itagiba (PMDB-RJ) e Laerte Bessa (PMDB-DF).

A principal divergência está nas sugestões de indiciamentos dos protagonistas da Operação Satiagraha. Enquanto Pellegrino inocenta Protógenes e Lacerda, a oposição e Itagiba sugerem os indiciamentos dos três protagonistas da Operação Satiagraha --Protógenes e Lacerda por falso testemunho e Dantas por interceptação clandestina.

A relatora manteve no texto final da CPI a sugestão de indiciamento do sargento da Aeronática Idalberto Matias de Araújo, responsável por indicar o ex-agente do SNI (Serviço Nacional de Inteligência) Francisco Ambrósio ao delegado Protógenes Queiroz. O sargento teve o pedido de indiciamento solicitado por Pellegrino por ter, em sua residência oficial, material sigiloso de operações da PF. A relatora apenas mudou a justificativa para o indiciamento ao afirmar que Idalberto cometeu crime de vazamento de informações sigilosas.

Na tentativa de viabilizar a aprovação do relatório final, Iriny Lopes (PT-ES) decidiu incorporar ao texto os quatro votos em separado apresentados por integrantes da comissão. Os votos seguiriam como "anexos" do texto principal, com as sugestões de indiciamento de Protógenes e Lacerda.

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