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Lula critica indicações políticas para cargos em embaixadas brasileiras

Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira as indicações políticas para o Itamaraty. Ele disse que é preciso olhar com mais atenção para os funcionários de carreira na hora de escolher os brasileiros que vão desenvolver a política externa do país. Ao longo dos dois mandatos, no entanto, o presidente já acomodou políticos nas representações diplomáticas brasileiras.

"Não é possível que a gente não leve em conta o tempo de carreira de um embaixador que, às vezes, para chegar ao cargo máximo leva 40 anos. Enquanto, muitas vezes, colocam um político derrotado no lugar do embaixador. Se tem uma coisa que eu aprendi do primeiro para o segundo mandato é que não tem nada mais importante do que garantir a fluidez na carreira", disse.

Apesar de criticar o mecanismo, o próprio presidente Lula optou por nomes políticos cargos do Brasil no exterior. A mais recente foi a do ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Paulo Lacerda para adido policial do Brasil em Lisboa (Portugal). Lacerda deixou o cargo após a suspeita da participação de agentes da entidade em suposto grampo contra o presidente do STF, Gilmar Mendes. O caso aconteceu praticamente junto da Operação Satiagraha, que contou com a colaboração de agentes da Abin na investigação da Polícia Federal.

O presidente também defendeu um reforço nos quadros da diplomacia brasileira, uma vez que o país conquistou credibilidade mundial. Mas destacou que essa ampliação não pode ser vista como interferência nos outros países. "Quem vier a partir de 2010 saberá que é preciso contratar mais gente. Agora, não precisamos dos 14 mil diplomatas dos Estados Unidos porque não queremos tanta ingerência. Queremos diplomacia", afirmou.

Lula também disse que o reconhecimento do Brasil no exterior tem sido destaque na imprensa internacional, mas afirmou que política externa não se faz com base no elogio. "Somos hoje um centro de excelência. Poucas vezes vi uma diplomacia respeitada e admirada em todo mundo assim. Vivemos um momento de ouro. Lógico que ficamos com orgulho, mas se algum diplomata brasileiro achar que porque outros times estão falando bem é motivo de ficar presunçoso está errado. Não podemos trabalhar com essa ilusão", disse.

As declarações do presidente foram feitas durante cerimônia em Comemoração do Dia do Diplomata.
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