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Insatisfeitos com a profissão, recém-formados iniciam novas faculdades

G1

Cabelo na cabeça, diploma na mão e... nova matrícula efetuada. Enquanto muitos recém-formados estão na luta pelo primeiro emprego, outros ainda se sentem perdidos na profissão e resolvem buscar novos caminhos.

Isso acontece principalmente por causa da pouca idade no momento da escolha profissional - a maioria termina o ensino médio ainda na adolescência -, é muito comum ver jovens recém-saídos da faculdade iniciando um novo curso logo nos anos seguintes. "Foi uma decisão precipitada. Ter que escolher uma profissão com apenas 17 anos é muita responsabilidade", diz a bacharel em direito Karin Cruz. Ela se formou no final de 2010 e, este ano, começa a estudar comércio exterior.

Responsável pela aplicação de testes vocacionais na escola em que trabalha, em Sorocaba, interior de São Paulo, a psicóloga Carla Corrá afirma que, na fase pré-vestibular, a avaliação é essencial para direcionar o estudante e deve ser feita com a ajuda de profissionais. "Há muitos testes disponíveis na internet, mas o ideal é que haja um especialista acompanhando. Quando eu aplico o teste vocacional, avalio também a maturidade do aluno", explica.

Para ela, esse é um fator essencial na hora de escolher a profissão. "Muitos adolescentes escolhem a faculdade de acordo com o salário que o profissional ganha, outros optam pelo curso influenciados por amigos ou familiares. Às vezes, desde pequeno, o adolescente nutre um encantamento com relação a determinada profissão e nem dá espaço para conhecer outras áreas", diz.

Muitas vezes, as escolhas são tão diferentes da verdadeira vocação, que o novo curso acaba não complementando o anterior. É o caso de Carla Salgueiro, de Sorocaba, interior de São Paulo. Ela tem 24 anos, já concluiu os cursos técnicos em turismo e em enfermagem e hoje faz faculdade de administração de empresas. "Quando fiz turismo, eu não tinha noção do que queria. Eu era muito agitada e queria fazer algo diferente no meu tempo livre", relembra.

A decepção com a área escolhida também é uma das grandes responsáveis pela mudança de profissão. Carla conta que sempre sonhou em fazer enfermagem, mas, quando começou a trabalhar, percebeu que, na prática, a ocupação não era o que ela esperava. "Eu trabalhava em um hospital público e faltavam muitas coisas. Não havia medicação suficiente nem material necessário para tratar os pacientes, e eu ficava muito exposta a qualquer tipo de contaminação. No fim, percebi que não tinha dom nem a paciência que a profissão exige", relata.

Karin também passou pelo mesmo problema. "Durante os estágios obrigatórios, no momento em que você tem contato com a realidade social, percebe o quanto o direito é utópico, a diferença gritante entre teoria e prática". Ela afirma que, ainda na faculdade, alertou os pais de que não queria seguir a carreira. "Eu já havia dito que estava insatisfeita, mas fiz questão de terminar o curso e, depois, contei que queria fazer comércio exterior", conta.

Apesar de já ter passado pelas áreas de humanas e biológicas, Carla Salgueiro não se dá por satisfeita e ainda quer arriscar nas exatas. "Ainda não tenho certeza se estou no caminho certo. Penso em fazer alguma coisa relacionada a informática, como análise de sistemas", conta a jovem.
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