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Notícias / Economia

Aneel pode intervir na Celpa e mercado já especula contra Cemat

De Brasília - Marcos Coutinho

O mercado de energia elétrica já trabalha com a possibilidade de a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decretar intervenção na Centrais Elétricas do Pará (Celpa), controlada pelo grupo Rede, que obteve decisão favorável da Justiça do Pará para sua recuperação judicial, requerida na última terça-feira e autorizada pelo juiz Mairton Marques Carneiro, da Comarca de Belém.

A hipótese é considerada como "praticamente certa" pelos principais atores de cenários, e o mercado também já especula contra outras empresas controladas pelo grupo Rede, como a Centrais Elétricas Mato-grossenses (Cemat), privatizada ne gestão Dante de Oliveira, muito embora a saúde financeira da empresa baseada em Mato Grosso, em princípio, seja melhor do que a da Celpa.

Para o mercado, o grupo Rede Energia é considerado "problemático" e a situação é de "elevado risco" para o sistema nacional como um todo. A Eletrobras, que já tem participação de 34% na Celpa, admitiu que poderá entrar mais no capital do Grupo Rede Energia para evitar contaminações, segundo informa a Reuters. A (re)aquisição do controle pleno da Celpa pela estatal federal também já foi avaliada no passado. 

Diante um quadro de deterioração, o grupo empresarial colocou à venda 54% das cotas acionárias, mas o  AES e a State Grid, antes interessadas, teriam desistido da transação, de acordo com a Reuters, diante dos riscos regulatórios e do preço pedido pela participação, além da assunção de pesado endividamento.

"A contaminação pode se tornar inevitável e atingir outras empresas do grupo (Rede) como a Enersul (distribuidora de Mato Groso do Sul), Celtins  (Tocantis) e Cemat, apesar das distintas situações", declarou uma alta fonte do setor ouvido pelo portal de notícias Olhar Direto, em Brasília. Uma segunda fonte, de São Paulo, avalia que o "quadro é crítico, de instabilidade e tende a agravar".

E as avaliações das fontes do portal parecem pertinentes. Em comunicado público, a própria distribuidora admite que o pedido de recuperação foi inevitável diante do agravamento de sua crise econômico-financeira e da necessidade de garantir a prestação de serviço aos consumidores.

A medida, como consta da nota da Celpa,  visa "proteger ativos da Celpa, atender de forma organizada e racional aos interesses dos credores e, principalmente, manter a continuidade de suas atividades".

"Resta saber, agora, como é a situação real das outras empresas do grupo Rede, porque, pelas informações que tenho, é que as finanças de pelo menos uma segunda empresa do grupo também não é boa", avaliou uma segunda fonte ouvida pelo Olhar em Brasília.

O intrigante é que, no pedido de recuperação judicial, a concessionária atribui à Aneel os problemas financeiros enfrentados nos últimos anos. Nos relatórios apresentados à Justiça do Pará, a Celpa revela estar atravessando "um grave período de turbulência provocado por regras adotadas pela Aneel, que resultaram em aumento das dívidas". 

Consta ainda do pedido um alerta de que o resultado final do processo de revisão tarifária proposto pela Aneel para a Celpa acabou por resultar em uma diminuição das margens de lucro e aumento do endividamento. O interregno de quatro anos para revisão tarifária também foi criticado pela empresa.

Após o anúncio, o risco Fitch rebaixou as notas dos títulos da Celpa e colocou em 'observação negativa' o rating do grupo Rede Energia e da holding. Vale ressaltar que no último bimestre de 2011, a agência também revisou para baixo as notas das empresas do Redepor conta do aumento da dívida de curto prazo, das rolagens de elevados montantes da dívida e a fraca liquidez da empresa.

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