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Notícias / Meio Ambiente

Base da Marinha em ilha remota faz treinamentos para evitar incêndios

G1

O gerente do Programa Arquipélago de São Pedro e São Paulo (Proarquipelago), capitão-de-corveta Marco Antonio Carvalho de Souza, disse que os procedimentos de combate a incêndios na estação científica brasileira instalada a 1.010 km de distância da costa devem ser mantidos sem alterações após o incêndio na base na Antártica, “já que são considerados eficientes e eficazes”.

No último sábado (25), um incêndio que atingiu a base Comandante Ferraz, na Antártica, causou a morte de dois militares que estavam no local, junto com outros oficiais e pesquisadores. Peritos vão investigar o motivo do acidente. Nesta terça-feira, os corpos do suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e do primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos foram homenageados no Rio de Janeiro, em cerimônia organizada pelo governo.

Logo após o incêndio, que destruiu 70% da estação científica, o ministro da Defesa, Celso Amorim, anunciou a reconstrução do local em até dois anos. Pesquisas importantes relacionadas às mudanças climáticas eram realizadas no local.

A Estação Científica de São Pedro e São Paulo -- uma casa de madeira com 60 metros quadrados que abriga quarto, sala, cozinha, banheiro e um laboratório para cientistas -- existe há 14 anos e a manutenção é coordenada pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm), colegiado que reúne instituições do governo federal relacionadas às questões do mar.

O arquipélago de cinco ilhas fica a 627 quilômetros de Fernando de Noronha e a mais de mil quilômetros de Natal, no Rio Grande do Norte.

Carvalho, que já esteve no local mais de 25 vezes, disse que profissionais envolvidos tanto nos trabalhos da Marinha, quanto nas pesquisas, passam por um rígido treinamento que inclui noções teóricas e práticas sobre o tema.

“Isso inclui também sobrevivência no mar, primeiros-socorros e, na véspera do embarque, a pessoa é submetida a uma inspeção de saúde muito criteriosa, para afastar qualquer risco durante sua estadia na base”, afirma Carvalho.

Simulação
O treinamento, realizado na Base Naval de Natal (RN), de onde saem os navios em direção à São Pedro e São Paulo, dura pelo menos uma semana. “É um procedimento semelhante ao adotado no programa Antártico, pois todo pesquisador tem que ser submetido a esse treinamento antes de viajar”, explica.

No local, para simular um possível acidente com fogo, um tanque que armazena óleo combustível é incendiado e os focos devem ser contidos com a ajuda de extintores e mangueiras com água.

“Na hipótese de um incêndio aqui [na estação], a madeira da estação vai ser incinerada. Mantemos extintores espalhados por toda a estação, que auxiliaram no combate. Não temos nenhum sistema automatizado de combate ao fogo até porque é um local pequeno e com diversas saídas de emergência. Não ter como sair é uma possibilidade nula”, disse. A casa está encravada no meio do arquipélago.

Prevenção
Carvalho afirma ainda que esse treinamento reforça a prevenção ao fogo. “Ele [pesquisador] recebe o treino para evitar o risco de incêndio, se por acaso ocorrer, ele tem noção básica para combatê-lo”, complementa.

“O fato [da base] ser de madeira faz com que o risco exista até durante uma atividade simples de cozinha. A estação científica vai completar 14 anos e nesse período nunca tivemos um episódio envolvendo esse tipo de ocorrência. A nossa realidade é totalmente diferente à da Antártica, que é uma base maior e de confinamento”, disse.
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