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Criação de gado dentro do clube alimenta os jogadores do Tiradentes

Globo Esporte

Imagine a cena. O seu time está treinando na última semana do campeonato, para um jogo que vale vaga na elite do futebol estadual, e de repente uma égua invade o campo. O goleiro titular, para controlar o animal, resolve montá-lo.

- Eu fui inventar de montar essa égua. Estava de luva e tudo. Avisei ao técnico: "Pode ficar tranquilo, sou peão". Quando montei, peguei na rédea e ela disparou! - relembra, aos risos, o goleiro Robinho, 27 anos, há três defendendo o Tiradentes, clube de Fortaleza que ocupa atualmente o quarto lugar do Campeonato Cearense.

No centro de treinamento do clube, a cena não é rara. Atrás do campo, há um curral, antes ocupado pela famosa égua e atualmente com uma criação de bovinos e ovinos. Agora, são os bois, bezerros e ovelhas que honram a tradição das invasões ao gramado.

A égua não trazia nenhum benefício ao clube. Resolvi vendê-la. Aí, comprei vacas e um boi - conta o presidente do clube, José Fernandes, que quase dispensou o goleiro naquela "tarde de peão". - Eu pensei em mandá-lo embora. Ele monta em uma égua, leva uma queda por brincadeira e ainda machuca o animal. Teria dois prejuízos em uma tarde só! - conta, rindo da situação.

Nutrição para todos

Confusões à parte, a criação dos animais está trazendo benefícios para jogadores e funcionários do Tiradentes. Segundo o presidente, tudo que é produzido pelas vacas é transformado em alimento.

Nós usamos a produção dos animais como base de alimentação dos nossos jogadores, comissão técnica, categoria de base e ainda fazemos doação para as comunidades próximas daqui. Tudo que é produzido é aproveitado – declara José Fernandes.

A produção de leite - e também de carne - alimenta, pelo menos, 50 pessoas por dia. Os jogadores fazem quatro refeições diárias. São queijos, doce de leite e coalhadas. As vacas produzem até 20 litros diariamente, sendo que a mais velha delas contribui com 12 litros.

Mas não são apenas jogadores e funcionários do Tiradentes que se beneficiam. Parte dos mesmos queijos, doce de leite e coalhadas são doados para as comunidades carentes próximas à sede do clube: Buraco da Jia, Genibaú, Padre Andrade e Quintino Cunha.

Nem só de leite vive o Tiradentes

A carne dos animais do curral também é aproveitada. Dependendo do animal abatido, o alimento dura até 15 dias na dieta dos jogadores. Atualmente, uma dúzia de cabeças de gado está em propriedade do Tigre da PM. No verão, a criação é mais variada e chegam carneiros, ovelhas, bezerros e porcos.

Um dos últimos animais a ser abatido no clube já gozava de certa fama entre o elenco do Tiradentes. E por causa dessa fama é que ele foi escolhido para o abate. Foi um bezerro que entrava no campo sujando tudo.

- Ele foi escolhido para o abate porque era muito danado. O treino estava ocorrendo, e ele entrava no meio de tudo. Era malandro. Foi por isso que foi para a panela - conta o diretor de futebol, Josué Mendonça.

Entre copos de leite e bifes acebolados, o time do Tiradentes vai correspondendo em campo. Mas que ninguém se arrisque mais a montar qualquer animal.

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