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Notícias / Meio Ambiente

Saudades de casa e reflexão ocupam cientistas em arquipélago inóspito

G1

A ida de pesquisadores e marinheiros ao arquipélago de São Pedro e São Paulo, o mais inóspito do Brasil, é fundamental para manter o funcionamento da Estação Científica instalada no conjunto de ilhas, localizado no meio do Atlântico, já no Hemisfério Norte.

Porém, a sensação de isolamento não agrada a todos. Apesar da existência de telefone e internet, que os conecta com o resto do país e do mundo, a ausência física de familiares em datas especiais, por exemplo, deixa uma saudade grande naqueles que necessitam cumprir deveres acadêmicos ou militares.

O biólogo Bruno Macena, pesquisador de tubarões-baleia, afirma gostar do isolamento do arquipélago. Segundo ele, isto possibilita “refletir sobre os valores da sociedade atual e sobre a vida". “Nos ensina a dar mais valor a pequenas coisas e a admirar mais a natureza”, disse.

Ele comenta que a vivência no local dá um pouco de medo, fato que “o ajuda a respeitar os limites”, explica Macena. “Sinto-me preparado para este tipo de trabalho desde que decidi que queria ser pesquisador”, comenta.

Para Jorge Linz, coordenador-técnico do Proarquipelago, o isolamento total já não existe desde que a tecnologia passou a funcionar na ilha. “O pesquisador não vem para ficar sozinho, se isolar, mas sim para aperfeiçoar sua pesquisa. Esse é o seu horizonte”, disse Linz, de 57 anos, que já veio 15 vezes ao arquipélago e pretende retornar enquanto “sua saúde permitir”.

O marinheiro Luiz Eduardo Cabral, de 23 anos, foi um dos que utilizou constantemente desses recursos."A saudade ameniza com a internet", disse.

A milhas e milhas distante...
O marinheiro Kleivison Silva Muniz, 21 anos, tentou por dois anos participar de uma expedição da Marinha ao arquipélago. Ele veio na viagem que iniciou no dia 25, acompanhada pelo Globo Natureza.

Porém, a data coincidiu com o aniversário de dois anos de sua filha, que mora em Natal (RN). “A gente fica angustiado porque fica longe da família. Nunca tinha estado tão distante da minha filha, fica até um vazio”, disse o militar.

Enquanto permaneceu no arquipélago, o também marinheiro Regivaldo Raimundo da Costa, 26 anos, não saía de perto do telefone. A preocupação era com a mulher, que mora em São José do Mibipu, na Região Metropolitana de Natal, e que está grávida de oito meses.

“Ela começou a ter dilatação e tem ido ao hospital diversas vezes. Fico preocupado, mas minha família está lá junto com ela, por isso fico tranquilo”, disse Costa, que vem até São Pedro e São Paulo pela terceira vez.

Ilhas são apaixonantes
Para o capitão-de-corveta Marco Antonio Carvalho, gerente do Programa Arquipélago de São Pedro e São Paulo, a preocupação com o isolamento existe naquele que vai ao local pela primeira vez.

“Mas logo que ele chega, vê que é algo novo e diferente de tudo aquilo que já vivenciou. A maioria se apaixona pelo arquipélago e, depois de retornarem ao continente, abraçam a causa”, disse Carvalho.

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