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Crianças cada vez mais presentes em Campeonatos de Caratê

Globo Esporte

Durante o Campeonato Mineiro de Caratê em Uberlândia, além dos mais de 800 atletas, entre 6 e 60 anos, de 30 cidades, muitos pais estiveram na arquibancada da Arena do Sabiazinho, neste sábado, para presenciar de perto os filhos em momentos de decisão.

Pequenos na idade, mas com responsabilidades de gente grande. Mesmo assim, o médico Emerson Costa não saiu de perto da grade que dividia a torcida e o local da competição. O filho Sílvio Costa, de 11 anos, estava em busca de mais uma vaga para representar a Seleção Mineira no Campeonato Brasileiro de Caratê de 2012. Para o médico, quanto mais cedo a criança começa praticar um esporte melhor.

– Ele tem disciplina, cobra de mim e da minha esposa coisas relacionadas a horário e entende que o Caratê, apesar de luta, não é um esporte para brigar e, sim, saber lidar com os sabores da vitória e o desgosto da derrota – disse Emerson.

Para Elmo Aparecido, um dos organizadores do evento, o trabalho com as crianças começa cedo.

– Elas não vão aprender a lutar e, sim, administrar as diferenças, ter limite e respeitar o próximo e regras que auxiliam no dia a dia da escola – explicou Elmo.

O professor de Caratê Alessandro NG afirma os golpes podem ser ensinados de forma lúdica, como se fosse uma brincadeira.

– Assim condicionamos os movimentos para depois aprenderem as regras. É igual quando aprendemos a falar. Primeiro esboçamos o som, depois aprendemos o que é certo e as regras gramáticais. Não tem segredo – explicou o professor.

Elmo Aparecido explica que a quantidade de crianças nos eventos em Uberlândia é resultado de ações sociais promovidas em alguns bairros da periferia.

– Hoje nós estamos fazendo uma inovação nas artes marciais, realizando projetos sociais com crianças que não tem condições de pagar mensalidade. Temos seis professores que atendem 650 alunos de 5 a 17 anos. O projeto ajuda a encontrar alunos de alto nível – disse o organizador.

Projeto Social

Exemplo desta inclusão no esporte, por meio de projetos sociais, é o caso do atleta de 13 anos Keinji Nunes. Aos 10 anos conheceu um projeto no Bairro Roosevelt e começou a praticar caratê. Três anos depois conquistou o primeiro Campeonato Brasileiro de caratê em sua categoria.

– Quando comecei não tinha nem o quimono, o primeiro eu ganhei. Até eu conseguir o título Brasileiro, no ano passado, foi muito difícil. Foram muitos treinos até conseguir ganhar o Mineiro em 2010 e depois o Brasileiro – contou Keinji.

Futuro promissor

Assim como várias mães, o sonho de Auxilene Isabel da Silva era ver a filha Maria Cecília Silva fazendo aulas de balé. Mas quando conversou com a filha a reação não foi a que a mãe esperava.

– Ela me disse que não queria fazer balé e preferia outro esporte, mas não sabia o nome. Ela fazia apenas movimentos de socos. Demorou um tempo até eu perceber que se tratava do caratê – contou Auxilene.

Segundo a mãe de Maria Cecília, na segunda aula os professores perceberam que a garota tinha talento. Hoje, aos 10 anos, acumula quatro títulos Mineiros e três Brasileiros na categoria especial de faixa roxa a preta. Na edição do campeonato este ano em Uberlândia não foi diferente. Maria Cecília levou para casa mais uma medalha e o quinto título Mineiro.

– O balé ficou para trás, se é o gosto dela estou feliz. Ainda mais porque o esporte ajudou muito no desenvolvimento, compromisso e responsabilidade com as coisas dela e na escola. Isso também é uma vitória para gente – disse a mãe Auxiliene.

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