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Notícias / Cidades

Praça do Quilombo vira reduto de drogas pesadas e causa insegurança

Da Redação/Thalita Araújo

Uma das maiores praças de Cuiabá, a Praça do Quilombo, perdeu suas características originais e hoje se encontra tomada por mato, drogas e esquecimento. O que as pessoas sempre lembram é de não passar por ali quando o dia escurece, pois é perigo certo.

Com uma estrutura muito bonita, a praça tem descidas, vários bancos, canteiros para muitos jardins, campinho de futebol e até um espaço para apresentações artísticas. Tudo isso está apagado e ninguém melhor para falar sobre a praça que Juleniva Figueiredo, de 58 anos. Há 27 ela mora ao lado da praça, tão perto que chega a ser confundida com uma moradora do local, guardada por seus cinco cachorros.

Os cães são seus guardiões. Ela, a guardiã da Praça. Na casa simples, os únicos moradores são ela e os cachorros, amarrados em torno da residência, protegendo todas as entradas. Assim Juleniva sente-se mais segura. Mas, sair de casa de noite, “nem pensar”.

Ela conta que nem se lembra da última vez que ali teve cara de “praça de verdade”. Diz que no ano passado, deram uma roçada de leve, tiraram um pouco do mato, mas nada que fizesse com que o local voltasse a ter ares de praça. Até porque a iluminação é quase zero.

Caminhar pelo espaço é indignante. As passarelas estão consumidas pelo mato e pelos chamados carrapichos, que grudam em quem quer que passe. No chão, muito lixo, velas, bitucas de cigarro e uma quantidade incrível de papelotes, possivelmente de cocaína. Alguns deles ainda com vestígios da droga. Restos de cigarros de maconha e muitas latas de cerveja adaptadas para servirem como instrumentos para fumar também enchem o local.

Além das drogas, o espaço ainda virou reduto de trabalhos de macumba e de casais que querem fazer sexo. E dona Juleniva vê tudo isso. Ela conta que tem muita saudade da época em que a praça era movimentada, bonita, cheia de famílias passeando, idosos conversando e crianças correndo.

A senhora não culpa apenas a administração municipal, não. Ela diz que tem alguns vizinhos da região que, vendo o local sujo e abandonado, aproveitam para transformá-lo em seus depósitos pessoais de lixo. Quando ela vê algum vizinho prestes a fazer esse tipo de coisa, corre e tenta impedir que o lixo seja jogado na praça. Afinal, não há necessidade de piorar a situação. Um desses vizinhos chegou a colocar fogo na praça um dia desses, para queimar todo o lixo acumulado.

Um dos maiores traumas de Juleniva foi ser atacada por um bando de rapazes que usavam drogas na praça. Eles começaram a jogar pedras em sua casa, e quebraram boa parte do telhado, o que lhe causou prejuízo. Ela imagina que os rapazes queriam fazer com que ela saísse de casa, para assaltarem o local. Mas, por conta dos cachorros à porta de casa, ela permaneceu escondida ali e não saiu, até que os rapazes desistiram.


Leilane Ketilin passava pela praça no fim da tarde, já apressada, indo para casa de uma amiga. Ela conta que, depois das 18 horas, não passa por ali “por nada”. “Ás vezes deixo de ir à casa da minha amiga por medo, sim”, revela. Além do medo de assalto e qualquer tipo de ataque de pessoas ali, ela também teme cobras e outros tipos de bichos, já que há muito mato e um córrego represado no fim da praça.


O Sonho da Guardiã - Vista como a guardiã da Praça do Quilombo, a Dona Juleniva tem um sonho. Não é sair dali, não. É ter a “sua” praça bonita novamente e ter sua propriedade, simples e já antiga, refeita. Ela diz que sonha em poder encontrar o deputado estadual Sérgio Ricardo (PR) para poder pedir-lhe uma casa nova. “Tenho certeza que ele iria me ajudar”, diz, esperançosa, a senhora.
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