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Em meio à crise com base, Dilma diz no Congresso que tem 'equipe coesa'

G1

Em meio a uma crise entre o governo federal e a base aliada, a presidente Dilma Rousseff afirmou em discurso na manhã desta terça-feira (13), no Senado, que tem uma "equipe conjunta e coesa". A presidente falou após ser homenageada com prêmio pela luta em prol dos direitos femininos.

"Nós somos um governo que tem uma equipe conjunta e coesa. Os ministros homens também defendem a igualdade de gênero e a igualdade racial", disse a presidente na cerimônia de entrega do prêmio Bertha Lutz.

O evento ocorreu em meio ao estremecimento das relações com a base, após o Senado rejeitar com apoio de aliados de Dilma um nome indicado pela própria presidente. A crise levou à troca nas lideranças do governo no Senado e na Câmara como tentativa de melhorar o relacionamento entre Executivo e Legislativo. Com a cerimônia de homenagem a Dilma em andamento, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, anunciou sua saída do cargo.

Em seu discurso, Dilma também citou a importância de que "seja um homem e uma mulher no exercício da presidência do Senado, demonstrando que homens e mulheres atuam em conjunto como eu e o vice Michel Temer".

Ela brincou com o discurso da deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que pediu a Michel Temer para cuidar da presidente. "Eu também vou cuidar do vice-presidente Temer", disse. Também mencionou o presidente da Câmara, Marco Maia, e sua vice, Rose de Freitas. Dilma disse que, no caso da Casa, só dá conta de cuidar do vice-presidente Temer.

Dilma chegou ao Senado pela rampa do Palácio do Congresso por volta das 10h30. Ela foi recepcionada pelos presidentes da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), além do vice Michel Temer (PMDB-SP).

Ela destacou "igualdade de oportunidade" entre homens e mulheres como a mais importante meta do governo, após destacar como prioridade igualdade social e racial, além de igualdade de gênero.

"Eu sei que a minha chegada à Presidência teve um significado simbólico importante [...] e que reforça o papel da mulher na sociedade brasileira. Sinto-me representando as R$ 97 milhões de brasileiras que cotidianamente são decisivas para o processo de transformação do Brasil."

"Nós não seremos uma nação desenvolvida se, ao invés de a gente conviver com a ampliação da igualdade, convivermos com a ampliação da pobreza como vem acontecendo infelizmente nos países desenvolvidos", disse. "Esse crescimento econômico só será honrado por nós se também a ele acrescentarmos redução da desigualdade de gênero, da desigualdade de raça e da desigualdade regional."

Violência contra a mulher
Dilma também pediu a "eliminação" da violência contra a mulher. "Eu considero um dos maiores objetivos da questão de gênero no Brasil: nós temos que criar condições para que a violência contra a mulher seja reduzida, seja no futuro eliminada. Até porque, nós todas sabemos que uma família, onde tem violênci,a não é lugar para criar cidadãos brasileiros integrais".

Ela considerou "histórica" decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que passou a autorizar o Ministério Público a denunciar agressor em casos de violência doméstica contra a mulher, mesmo que ela não apresente queixa contra quem a agrediu.

O prêmio Bertha Lutz, oferecido pela Casa, também foi entregue a Maria do Carmo Ribeiro, ex-mulher do militante político Luiz Carlos Prestes; além da primeira senadora brasileira, Eunice Mafalda Michiles; a representante da Comissão Pastoral da Terra Rosali Scalabrin; e a professora do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Ana Alice Alcântara da Costa.

O presidente do Senado discursou antes de Dilma. Sarney exaltou conquistas femininas na política e enumerou, entre exemplos, sua filha, Roseana Sarney (PMDB-MA), a primeira governadora eleita no Brasil.

Sobre Dilma, em referência ao seu passado de militante contra a ditadura, disse a presidente que passou por "provas traumáticas que poderiam tê-la tornado amarga".

Classificou a presidente como uma "criatura extraordinária" e "grande administradora". Destacou Cristina Kirchner, presidente da Argentina, e Laura Chinchilla, presidente da Costa Rica, que, junto com a presidente brasileira, governam, segundo ele, 40% da população latinoamericana.

‎‎O presidente da Câmara, antes do discurso de Sarney, destacou a presença feminina em várias instâncias de poder e classificou como "avanço extraordinário" a nomeação de mulheres em ministérios, cadeiras de destaque no Parlamento e em cortes.

Disse, contudo, que o gênero ainda é subrepresentados politicamente: apenas 45 das 513 são ocupadas por deputadas, segundo ele.

Marta Suplicy e Rose de Freitas, vice-presidentes do Senado e da Câmara, também discursaram na cerimônia. A primeira classificou a eleição de Dilma, em 2010, juntamente com a liberação do voto feminino no Brasil, em 1932, como as principais conquistas do movimento feminista na história do país. A segunda disse faltar "espaço" para as mulheres no Congresso. Integrante do colégio de líderes, comentou a dificuldade de fazer projetos de gênero serem votados na Câmara.
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