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Tuberculose: Brasil registra queda de 24,4% em sete anos

Da Redação/Agência Saúde

Relatório do Ministério da Saúde aponta queda de 24,4% na incidência e 31% nas mortes por tuberculose no país em sete anos. O balanço, fechado com dados de 2007 que serão divulgados hoje, confirma essa tendência. No último ano, foram registrados 72 mil novos casos, com uma média nacional de 38,2 casos por 100 mil habitantes. O levantamento também aponta 4,5 mil mortes em decorrência da doença.

No Brasil, 70% dos casos estão concentrados em 315 dos 5.565 municípios. As maiores incidências estão nos estados do Rio de Janeiro (73,27 por 100 mil), Amazonas (67,60), Pernambuco (47,79), Pará (45,69) e Ceará (42,12). A região Centro-Oeste é a que apresenta a menor taxa do país – em Goiás, são 9,57 por 100 mil habitantes. No Distrito Federal, 12,09 por 100 mil.

A incidência entre os homens (cerca de 50 por 100 mil) é o dobro do que entre as mulheres. Já as populações mais vulneráveis são as indígenas (incidência quatro vezes maior do que a média nacional); portadores de HIV (30 vezes maior); presidiários (40 vezes maior); e moradores de rua (60 vezes maior). No entanto, há ocorrências em todos os segmentos da sociedade, independente da renda ou da escolaridade.

CONTROLE – Em 2003, o combate à tuberculose foi incluído entre as prioridades do Ministério da Saúde. Desde então, registra-se uma queda média de 1,6% ao ano na incidência. A meta nacional, que seguramente será atingida, é chegar a 2011 com, no máximo, 70 mil novos casos. E, até 2015, reduzir pela metade a taxa registrada nos anos 1990, que teve em média 80 mil novos casos. O ano de 1990 é referência para o controle da tuberculose no mundo, quando foram estabelecidos os Objetivos do Milênio.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 22 países concentram 80% dos casos de tuberculose no mundo. Nos últimos três anos, o Brasil passou da 14ª para a 16ª posição no ranking mundial da doença, segundo dados do último relatório da OMS. “Nosso objetivo é sair dessa relação em curto prazo”, afirma Draurio Barreira, coordenador geral do Programa de Controle da Tuberculose no Ministério da Saúde. Em termos de incidência, o Brasil ocupa a 108º posição na lista internacional.

A próxima edição do Relatório Mundial da Tuberculose da OMS será divulgada nesta terça-feira, 24 de março, Dia Mundial de Combate à Tuberculose. A apresentação será durante o 3º Fórum de Parceiros Stop TB, evento internacional que acontece no Rio de Janeiro, de 23 a 25 de março. Esta será a primeira vez que o fórum acontece em um país da América Latina. O Brasil foi escolhido porque, embora integre a lista dos 22 países com maior número de casos, tem se destacado no cenário internacional pelos esforços direcionados ao combate à tuberculose e pelos resultados já alcançados.

AÇÕES – Com orçamento nacional para o controle da tuberculose ampliado em mais de 10 vezes desde 2002, o Ministério da Saúde planeja eliminar a doença como um problema de saúde pública até 2050. Somente em 2008 foram investidos 69,1 milhões de dólares no programa de combate e controle à tuberculose. Várias ações realizadas no país contam com o apoio do Fundo Global contra a Tuberculose, a Aids e a Malária, sediado em Genebra.

Além disso, o Ministério da Saúde tem investido parte do orçamento na assistência aos pacientes com o bacilo de Koch. Todos têm acesso ao tratamento na rede pública (consultas, exames, medicação, internação). O Ministério da Saúde também vem expandindo o Tratamento Supervisionado (da sigla inglesa Directly Observed Treatment Short-Course), que já tem cobertura de 86% na rede pública. Esse programa consiste em oferecer aos pacientes o monitoramento mais intenso por parte dos profissionais. O objetivo é garantir que essas pessoas completem o ciclo de tratamento, em vez de abandoná-lo antes de estar curado. Isso porque ao ser iniciado o tratamento, o desafio passa a ser a adesão durante o tempo necessário para a cura, que leva, em geral, seis meses. “Os sintomas regridem muito rapidamente. Imagine um tratamento de seis meses em que com 15 dias o paciente se sente bem, então ele acaba por abandoná-lo”, observa Barreira.

HISTÓRICO – A tuberculose é uma doença causada pelo bacilo de Koch (mycobacterium tuberculosis) que afeta vários órgãos do corpo, mas principalmente os pulmões. É transmitido pelo ar, quando o paciente tosse, fala ou espirra. Os principais sintomas são tosse prolongada, cansaço, emagrecimento, febre e sudorese noturna. Em 1993, a OMS declarou a tuberculose como uma emergência global. Abaixo listamos algumas informações relevantes sobre a doença:

O que é a tuberculose?

· Uma doença causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis que afeta vários órgãos do corpo, mas principalmente os pulmões.

· É transmitido pelo ar, quando o paciente tosse, fala ou espirra.

· Os principais sintomas são tosse prolongada, cansaço, emagrecimento, febre e sudorese noturna

· Uma pessoa infectada não se sente doente e não transmite a bactéria, mas pode desenvolver a doença no futuro.

· A TB estava em declínio na grande maioria dos países até a década de 80, quando houve um aumento da doença no mundo inteiro, associado ao surgimento do vírus aids que deixa as pessoas mais suscetíveis à TB.

· O tratamento disponível hoje é o mesmo há quase 40 anos, embora ainda eficaz e custo-efetivo, são poucas as pesquisam sobre novas drogas;

· O diagnóstico laboratorial é o mesmo há mais de 100 anos; Os novos testes são caros e pouco disponíveis para utilização em países desenvolvidos com alta carga da doença;

· A vacina BCG, disponível há mais de 80 anos, só é eficaz para prevenir as formas mais graves da doença, especialmente em crianças; não mostra impacto no controle da epidemia.



Vários fatores favorecem a disseminação do bacilo e dificultam o controle da doença, como:

· A epidemia do HIV/aids;

· A aglomeração urbana;

· A desigualdade social, com o aumento de bolsões de pobreza ao redor das grandes metrópoles;

· O tratamento longo (no mínimo 6 meses), com alguns efeitos colaterais e o conseqüente abandono do tratamento que contribui para o surgimento da tuberculose multirresistente, fenômeno que emerge em todo o mundo.



A tuberculose no mundo

· Em 1993 a OMS declarou a TB como uma emergência global;

· Estima-se que um terço da população mundial esteja infectada pelo bacilo de Koch;

· Nove milhões de pessoas adoecem por ano;

· Incidência de 140 casos por 100 mil habitantes;

· Quase 2 milhões de óbitos por tuberculose.



A tuberculose no Brasil

· Em 2003 o Ministério da Saúde do Brasil declarou o controle da tuberculose como uma prioridade nacional;

· Cerca de 65 milhões de infectados;

· Aproximadamente 80 mil pessoas adoecem a cada ano;

· Incidência de 39 casos por 100 mil habitantes;

· Cerca de cinco mil óbitos por ano;

· 70% dos casos estão em 315 maiores municípios, considerados prioritários.

· A tuberculose hoje é a principal causa de óbito entre pessoas vivendo com HIV/aids. A associação TB/HIV agrega à discussão o forte estigma, principalmente no ambiente social e de trabalho.



Há populações muito vulneráveis que têm mais chance de adoecer que a população em geral, que são um grande desafio para o enfrentamento da epidemia, como:

· População indígena: 4 vezes

· Portadores do HIV: 30 vezes

· População prisional: 40 vezes

· População de rua: 60 vezes

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