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'Nicollas tinha o pai como herói', diz ex de acusado de jogar filho no Tietê

G1

Maria do Carmo Maciel, ex-mulher do desempregado Alexandre Franco, acusado de jogar o filho de 6 anos no Rio Tietê em 2010, afirmou nesta quarta-feira (14), durante julgamento no Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo, que o menino tinha o pai como um "herói".

"O Nicollas tinha o pai como herói. Era um menino doce, muito meigo e muito tímido", disse a mãe, que chorou durante o julgamento.

Ela disse ter recebido sete ligações dele instantes após o crime. As ligações ocorreram entre 23h20 e 23h40 do dia 23 de dezembro, segundo Maria do Carmo. Ela contou que Franco parecia calmo nos primeiros telefonemas. "Ele ligava a cobrar, dizia 'não tem mais filho, não tem mais Nicollas' e depois desligava", afirmou a mãe, no depoimento como testemunha de acusação. As outras duas testemunhas foram dispensadas.

Nas últimas ligações, segundo a ex-mulher, Franco estava exaltado e admitiu o crime. "Ele dizia que iria acabar com a minha vida, mas que não iria me matar. Ele disse que matou o menino e que iria cometer suicídio", afirmou. De acordo com ela, Franco também disse que a mulher era "culpada pelo crime porque não queria reatar".

Em seu interrogatório, Franco negou ter confessado o crime. Ele afirmou que estava furioso com a ex-mulher porque eles haviam combinado de se encontrar. "Seria uma despedida, achei que ela iria me ver naquele dia. Mas ela combinou de sair com as amigas", disse o desempregado.

A ex-mulher disse que o marido já havia fugido com a criança anteriormente, em dezembro de 2009. O desempregado manteve Nicollas Maciel Franco escondido por quatro dias sem que ninguém tivesse notícias do garoto.

"Ele fazia chantagem usando o garoto. Dizia que queria viajar com Nicolas, que queria os mesmos direitos de ficar com ele", afirmou a mãe. Franco afirmou que apenas ficou com seu filho mais tempo do que o combinado, durante as festas de fim de ano.

O julgamento começou por volta das 14h. A previsão do Tribunal de Justiça de São Paulox (TJ-SP) é que a sentença saia ainda nesta quarta. Franco é acusado de homicídio qualificado.

Agressões
Maria do Carmo disse ter sido agredida e ameaçada por Franco durante e após o casamento. A união durou cinco anos. "Ele perseguia, ameaçava, queria saber onde eu estava, esperava na porta do meu serviço", afirmou a mulher, reiterando que o comportamento mudou após o terceiro ano de enlace.

Em uma das ocasiões, Franco agarrou o pescoço da ex-mulher com força, segundo o depoimento dela no júri. O homem, que morava nos arredores da Luz, na região central de São Paulo, mudou de casa e tornou-se vizinho da ex-mulher.

O acusado admitiu ter discutido algumas vezes com a ex-mulher, mas negou as agressões. "Nunca bati", disse ele.

Tortura
Franco, que, segundo a polícia, confessou o crime por não aceitar o fim do relacionamento na época em que foi preso, disse durante o júri que fez as afirmações sob tortura. "A confissão foi forçada, a polícia me forçou a falar", afirmou. Segundo o acusado, policias bateram em seus pés, nas suas mãos e na barriga até que ele dissesse que havia derrubado seu filho da ponte.

O desempregado disse ao juiz Alexandre Andreta dos Santos que estava com o garoto no colo, e que a queda foi um acidente. "Desci [a ponte] para encontrá-lo, mas não consegui ver o menino, então fugi", disse.

Segundo o promotor André Luiz Cunha, no entanto, laudos do Instituto Médico-Legal (IML) atestaram que não havia hematomas nem marcas de violência em Franco após o depoimento à Polícia Civil. O homem confessou estar sob o efeito de drogas no momento do crime.
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