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Chevron pede à ANP para suspender operações após novo vazamento

G1

A petroleira Chevron informou nesta quinta-feira (15) que solicitou à Agência Nacional do Petróleo (ANP) para suspender temporariamente suas operações no Brasil, para a realização de estudos que permitam compreender o motivo do novo vazamento de óleo identificado no Campo do Frade, na Bacia de Campos. A companhia informou que quer entender mais detalhadamente o funcionamento do poço.

A produção total no campo do frade é de 61,5 mil barris de óleo por dia. “É o único lugar no Brasil onde estamos produzindo. No mundo, a Chevron produz 2,6 milhões de barris por dia”, explicou afirmou Rafael Jaen Williamson, diretor de assuntos corporativos da companhia.

De acordo com a empresa, uma pequena mancha de óleo foi identificada no dia 4 de março. O local de origem do vazamento, no entanto, só foi encontrado na noite do dia 13. Segundo a empresa, a nova mancha encontrada foi resultado do vazamento de cinco litros de óleo.

“Passamos dias e dias sem conseguir determinar o local exato”, afirmou Williamson, destacando que não há relação direta entre essa ocorrência e o acidente de novembro do ano passado, que provocou o vazamento de 2,4 mil barris de petróleo.

“Não temos nenhuma evidência de que tem a ver com o outro acidente. Está afastado três quilômetros do local do primeiro vazamento, a cerca de 1,3 mil metros de profundidade. Não estávamos produzindo, nem injetando na área”, ressaltou Williamson. Ele afirmou, no entanto, que ainda não há explicações para a causa do novo vazamento.

De acordo com Chevron, a fissura encontrada pelo robô ROV, no fundo do mar, tem cerca de 800 metros de comprimento, e é dela que vaza o óleo. A companhia informou que já foi colocado um equipamento de contenção no local.

A empresa informou ainda que foi feita dispersão mecânica do óleo vazado e que, no momento, não há mais mancha visível na superfície.

ANP e Ibama
Mais cedo, a ANP informou, em nota, que "autou a Chevron ontem (14/3) por não atender notificação da Agência para apresentar as salvaguardas solicitadas para evitar novas exsudações na área".

Ainda em nota, a ANP afirmou que "está acompanhando o vazamento desde o dia do incidente, 7 de novembro de 2011. Ontem (14/3) técnicos da ANP estiveram no Centro de Comando de Crise da Chevron e determinaram a instalação de um coletor no novo ponto de vazamento identificado pela empresa".

O Ibama informou que também está acompanhando a ocorrência e, segundo as informações preliminares, trata-se de afloramento de óleo, provavelmente, decorrente do vazamento do de novembro. "Em princípio, não se trata de um novo vazamento, uma vez que o poço não estava operando", disse, em nota, o órgão.

Suspensão da produção
Segundo a Chevron, o Campo de Frade é “relativamente complexo” e que é preciso ter “cuidado e precaução” neste momento. "Vamos fazer um estudo geo-mecânico do local”, disse o engenheiro Mauro Pagan. “Vamos fazer todos os estudos necessários. A intenção é entender melhor a geologia. Queremos chegar ao ponto de dizer: ‘Entendemos perfeitamente o comportamento (do Campo de Frade)’”, complementou o diretor da empresa, acrescentando que a produção será suspensa assim que a ANP der a autorização.

De acordo com o executivo, o tempo da suspensão das atividades no Campo de Frade “vai depender totalmente” dos estudos que serão feitos. “Eu prefiro pensar que é questão de meses, e não de anos”, disse Williamson. “Não temos nenhuma alteração de plano de investimentos para o Brasil, nem temos planos de alterar. A intenção da Chevron é continuar operando no país”, concluiu.

Proibição de novas perfurações
A Chevron foi proibida de perfurar novos poços no local após o acidente do ano passado. As atividades do poço existente, no entanto, tiveram continuidade. Na terça-feira (13), a ANP decidiu manter a decisão de proibir a Chevron de perfurar novos poços no local. A ANP concluiu as investigações sobre o vazamento e informou que discorda da causa apontada pela empresa norte-americana, mas não deu detalhes sobre a apuração feita.

Histórico da Chevron no país
A petroleira norte-americana Chevron iniciou suas atividades de exploração e produção de óleo e gás na Bacia de Campos em 1997, após a decisão do governo brasileiro de abrir as portas do setor de petróleo para investimentos privados.

A companhia detém participações em três projetos em águas profundas no Brasil, todos na Bacia de Campos, mas atua como operadora somente no Campo de Frade, onde detém 51,7% de participação. São parceiros da Chevron neste projeto a Petrobras, com 30%, e a Frade Japão Petróleo Limitada (FJPL), com 18,26%.

O campo de Frade está situado numa lâmina d'água de cerca de 1.128 metros, a aproximadamente 370 quilômetros a Nordeste do Rio de Janeiro. A empresa possui também participação nos campos de Papa-Terra (37,5%) e Maromba (30%). Mas nesses campos não é a operadora.
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