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Após reunião, Blatter diz que Dilma manterá compromissos com Fifa

G1

O presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Joseph Blatter, afirmou nesta sexta-feira (16) que obteve da presidente Dilma Rousseff a garantia de que o Brasil cumprirá todos os compromissos firmados com a entidade para a realização da Copa de 2014.

"Depois de uma boa reunião, chegamos à conclusão de que o governo federal e a Fifa precisam trabalhar em conjunto para que possamos organizar uma das maiores copas de todos os tempos. [...] A presidente Dilma também garantiu que todas as garantias necessárias para a Copa serão entregues à Fifa", afirmou Blatter em coletiva de imprensa após se reunir com Dilma.

Além de Blatter, participaram da reunião o ex-jogador Pelé - nomeado por Dilma no ano passado "embaixador honorário" do Brasil para a Copa de 2014 –, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e o ex-jogador Ronaldo, membro do Comitê Organizador da Copa. A reunião começou pouco antes das 11h e durou cerca de uma hora.

Em coletiva de imprensa, Blatter afirmou que a "ideia agora é o governo federal trabalhar em conjunto com a Fifa para estreitar melhor esses laços e para não deixar tanto tempo passar". A última reunião entre o presidente da Fifa e a presidente dilma foi no ano passado.

A reunião ocorreu um dia após o ministro esclarecer que o governo, para receber o mundial de futebol no Brasil, assumiu compromisso com a Fifa, ainda em 2007, de assegurar a venda de bebidas alcoólicas nos estádios que sediarão jogos da Copa de 2014.

Antes de Blatter, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, falou e disse que a reunião foi "construtiva, de trabalho, de reafirmação do objetio comum do Brasil, da Fifa e do comitê de organização local de organizar uma grande Copa do Mundo de trabalho em harmonia".

"O governo brasileiro está empenhado em cumprir sua reponsabilidades e seus compromissos para que a Copa se constitua no êxito para o mundo e para o Brasil", afirmou Aldo.

Polêmica
O imbróglio sobre a liberação ou proibição reside nas negociações entre o governo e o Congresso, onde tramita o projeto da Lei Geral da Copa, enviado pelo Executivo, que estabelece as garantias dadas pelo governo em 2007 para sediar o torneio.

A proposta tramita desde o ano passado na Câmara, onde parte dos deputados, tanto da base quanto da oposição, não chegam a consenso sobre a venda de bebidas. Depois de aprovada pelo plenário, a proposta ainda precisará ser analisada no Senado.

Na quarta (14), líderes governistas chegaram anunciar acordo para retirar o assunto da Lei Geral da Copa para concretizar a votação no plenário da Câmara. Por um erro atribuído à assessoria jurídica do Planalto, eles argumentaram que o compromisso sobre a bebida não existia.

Depois, o governo reiterou a bebida devia ser liberada para cumprir o acordo com a Fifa. Para isso, defendeu a aprovação da versão apresentada pelo relator, deputado Vicente Cândido (PT-SP), que autoriza a venda explicitamente. Em seguida, na quinta (15), Cândido disse que o texto que vai a plenário será o mesmo já aprovado numa comissão especial.

Ele diz que "a venda e o consumo de bebidas, em especial as alcoólicas, nos locais oficiais de competição, são admitidos desde que o produto esteja acondicionado em copos de plástico, vedado o uso de qualquer outro tipo de embalagem".

A versão original, inicialmente enviada pelo Executivo, era mais branda: suspendia, durante o Mundial, trecho do Estatuto do Torcedor que veta, nos estádios, "o porte de bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência".

Mesmo depois do esclarecimento, o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), discordou da orientação do próprio governo. Para ele, a Lei Geral da Copa não pode prever a autorização expressa para se vender bebidas nos estádios porque, segundo ele, isso contraria o Estatuto do Torcedor. Em sua interpretação, a liberação ou proibição caberia aos 12 estados que receberão os jogos em seus estádios.

'Chute no traseiro'
Além da polêmica relacionada às bebidas, a visita de Blatter ocorre duas semanas após o secretário-geral da entidade, Jérome Valcke, ter dito, segundo declaração atribuída a ele, que o Brasil precisava de um "chute no traseiro".

Na ocasião, no último dia 2, em entrevista na Inglaterra, Valcke reclamava da demora da aprovação pelo Congresso da Lei Geral da Copa. Tanto Blatter quanto Valcke pediram desculpas pelo episódio em cartas enviadas ao Ministério do Esporte. O governo aceitou as desculpas.
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