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Notícias / Meio Ambiente

Ibama e Chevron divergem sobre origem do novo vazamento

G1

Ao contrário do que afirmou o diretor de assuntos corporativos da Chevron, Rafael Jaen Williamson, de que a nova mancha de óleo detectada no Campo de Frade, na Bacia de Campos, na costa norte do Rio de Janeiro, não tem “relação direta” com o vazamento de novembro de 2011, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em nota, afirma que o óleo é, “provavelmente, decorrente do vazamento registrado em novembro de 2011”. Em 2011, cerca de 2,4 mil barris de petróleo vazaram na região. A Chevron pediu à Agência Nacional do Petróleo (ANP) a suspensão da produção de petróleo no Campo de Frade.

Na quinta-feira (15), Williamson afirmou que “não há nenhuma evidência de que (o novo vazamento) tem a ver com o outro acidente”. Segundo o diretor da Chevron, uma nova fissura, com cerca de 800 metros de comprimento, de onde sai o óleo, foi encontrada a três quilômetros do local do primeiro vazamento, a cerca de 1,3 mil metros de profundidade. Williamson disse que ainda não há explicações para a causa do novo vazamento.

Na nota do Ibama, o instituto esclarece que, como a Chevron não estava operando o poço, a mancha que foi detectada pela Chevron não foi originada “de um novo vazamento”, mas sim de “um afloramento de óleo”, segundo informações preliminares do órgão federal. Ainda de acordo com a nota, a Coordenação de Emergências Ambientais e a Coordenação-Geral de Petróleo e Gás do Ibama, juntamente com a ANP, estão acompanhando a ocorrência.

Nesta sexta-feira (16), em nota, a Chevron afirmou que não recebeu nenhuma comunicação do Ibama e que, por isso, prefere não fazer comentários. A nota diz: “Até o momento, pelos estudos já realizados, não foi possível estabelecer uma ligação entre os dois incidentes. A empresa irá realizar os novos estudos para determinar as causas do novo afloramento.”

Ministra do Meio Ambiente prefere não comentar
A assessoria de comunicação do Ibama em Brasília informou, nesta sexta-feira (16), que uma equipe técnica do instituto fez um sobrevoo no local onde a nova mancha foi localizada e está analisando o que pode ter ocorrido. No Rio de Janeiro, durante uma debate sobre economia verde no evento "Rumo à Rio+20", a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou que não iria comentar sobre o caso: “Não vou falar sobre a Chevron. Aqui é outro fórum: o debate é a Rio +20. A gente ainda está aguardando informações.”

A ANP confirmou que recebeu o pedido da Chevron de suspender a produção no Campo do Frade. A assessoria de imprensa da ANP informou, nesta sexta-feira, que a agência não tem prazo para dar a resposta à petroleira americana, e que o pedido pode, sim, ser recusado. Segundo a assessoria da ANP, é preciso ver o que o contrato diz, e o que a Chevron alega para parar de produzir no Campo de Frade.

ANP e Ibama
Na quinta-feira (15), a ANP informou, em nota, que "autuou a Chevron ontem (14/3) por não atender notificação da Agência para apresentar as salvaguardas solicitadas para evitar novas exsudações na área".

Ainda em nota, a ANP afirmou que "está acompanhando o vazamento desde o dia do incidente, 7 de novembro de 2011. Ontem (14/3) técnicos da ANP estiveram no Centro de Comando de Crise da Chevron e determinaram a instalação de um coletor no novo ponto de vazamento identificado pela empresa".

Suspensão da produção
Segundo a Chevron, o Campo de Frade é “relativamente complexo” e que é preciso ter “cuidado e precaução” neste momento. "Vamos fazer um estudo geo-mecânico do local”, disse o engenheiro de instalações da Chevron Brasil, Mauro Pagan. “Vamos fazer todos os estudos necessários. A intenção é entender melhor a geologia. Queremos chegar ao ponto de dizer: ‘Entendemos perfeitamente o comportamento (do Campo de Frade)’”, complementou Williamson, acrescentando que a produção será suspensa assim que a ANP der a autorização.

De acordo com o executivo, o tempo da suspensão das atividades no Campo de Frade “vai depender totalmente” dos estudos que serão feitos. “Eu prefiro pensar que é questão de meses, e não de anos”, disse Williamson. “Não temos nenhuma alteração de plano de investimentos para o Brasil, nem temos planos de alterar. A intenção da Chevron é continuar operando no país”, concluiu.

Proibição de novas perfurações
A Chevron foi proibida de perfurar novos poços no local após o acidente do ano passado. As atividades do poço existente, no entanto, tiveram continuidade. Na terça-feira (13), a ANP decidiu manter a decisão de proibir a Chevron de perfurar novos poços no local. A ANP concluiu as investigações sobre o vazamento e informou que discorda da causa apontada pela empresa norte-americana, mas não deu detalhes sobre a apuração feita.

Histórico da Chevron no país
A petroleira norte-americana Chevron iniciou suas atividades de exploração e produção de óleo e gás na Bacia de Campos em 1997, após a decisão do governo brasileiro de abrir as portas do setor de petróleo para investimentos privados.

A companhia detém participações em três projetos em águas profundas no Brasil, todos na Bacia de Campos, mas atua como operadora somente no Campo de Frade, onde detém 51,7% de participação. São parceiros da Chevron neste projeto a Petrobras, com 30%, e a Frade Japão Petróleo Limitada (FJPL), com 18,26%.

O campo de Frade está situado numa lâmina d'água de cerca de 1.128 metros, a aproximadamente 370 quilômetros a Nordeste do Rio de Janeiro. A empresa possui também participação nos campos de Papa-Terra (37,5%) e Maromba (30%). Mas nesses campos não é a operadora.

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