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Brasil ganha observatório para criar banco de dados sobre negros

Terra

Foi lançado nesta quarta-feira, em São Paulo, o Observatório da População Negra, portal cujo objetivo é reunir informações e pesquisas para criar o primeiro banco de dados nacional sobre a participação dessa comunidade no mercado de trabalho e na área acadêmica no Brasil. O lançamento marca as comemorações do Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, celebrado hoje.

De acordo com Hedio Silva Jr., diretor acadêmico da Faculdade Zumbi dos Palmares, órgão responsável pela iniciativa em parceria com o governo federal, o objetivo é usar esse banco de dados para lançar relatórios periódicos sobre a situação da população negra, que devem servir de base para a fiscalização e o acompanhamento das políticas públicas voltadas para o segmento.

"Nossa meta é que, em longo prazo, o relatório se consolide como referência no Brasil e no mundo sobre a evolução da população negra em diversos setores, como é hoje o relatório da Organização das Nações Unidas sobre Direitos Humanos, por exemplo", explicou.

Ao todo, cerca de 15 pesquisadores voluntários trabalharão no desenvolvimento desse banco de dados que, inicialmente, começará com a análise da última Pesquina Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), e com informações do Instituto De Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com Mário Lisboa Theodoro, secretário-executivo da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Social, da Presidência da República, apesar de o Brasil ter conseguido diminuir a pobreza nos últimos anos, os negros ainda hoje ganham menos que os profissionais brancos - em média, o salário dos profissionais negros correspondem a 60% do que é pago aos brancos.

"Os mecanmismos atuais não tem sido suficientes para reverter essas diferenças. Nós teremos que complementar as ações para o fim da pobreza com políticas para o fim da desigualdade social", afirmou o secretário. De acordo com ele, o governo federal pretende lançar, em abril, um pacote de "medidas afirmativas" para combater a discriminação racial no Brasil e, com isso, ajudar a promover a inserção da população negra no mercado de trabalho.

O custo anual do projeto pode chegar a R$ 8 milhões, segundo Silva Jr., mas o orçamento do Observatório ainda não foi fechado. Inicialmente, os custos do projeto serão bancados pela própria instituição de ensino.
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