Imprimir

Notícias / Ciência & Saúde

Cirurgiões dizem que pode faltar próteses de silicone no mercado

G1

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) afirmou nesta sexta-feira (23) que haverá desabastecimento de próteses mamárias caso a nova certificação exigida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) demore mais de dois meses para ser emitida.

Segundo o presidente da SBCP, José Horácio Aboudib, o Brasil tem estoques para entre dois e três meses. A afirmação foi feita durante o 13º Simpósio Internacional de Cirurgia Plástica, em São Paulo (SP).

“Não se sabe quanto tempo o processo [de certificação] vai demorar no Inmetro. [O Brasil] tem estoque para dois, três meses. Se a certificação demorar mais do que isso, vai haver desabastecimento", afirmou Aboudib.

Na quinta-feira (22) entraram em vigor as novas regras da Anvisa para o controle de qualidade das próteses mamárias, que determina que os implantes terão que passar por testes do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e precisarão do selo de aprovação para entrar no mercado. Após o anúncio da medida, na quarta-feira (21), a SBCP havia afirmado que não havia risco de desabastecimento.

Na quarta (21), o secretário-geral da Sociedade, Denis Calazans, disse acreditar que os estoques seriam suficientes.

Indústria
Fabricantes e importadoras de próteses presentes no simpósio reafirmaram a preocupação com o desabastecimento.

Segundo a fabricante brasileira de próteses de silicone Lifesil, não haverá próteses no mercado se a certificação demorar mais do que três meses. Além disso, a empresa não acredita que será possível certificar todos os lotes do produto em um mês.

"Apenas um dos testes que deverá ser feito dura 12 dias", justifica o diretor presidente da empresa, Jorge Wagenfuhr.

Já a Silimed, maior fabricante do país, diz que terá estoque suficiente para meses. “Não acredito que o Inmetro vai demorar muito com isso [a certificação]", considera Max Riccio, gerente de vendas da marca.

Câncer
Segundo Aboudib, o desabastecimento também prejudicaria pacientes com câncer de mama que precisam da prótese. "Com isso, haverá necessidade de adiar cirurgias tanto estéticas quanto oncológicas. Dá para adiar as cirurgias estéticas, mas como vamos adiar um câncer?", completou.

Segundo José Luiz Pedrini, da Sociedade Brasileira de Mastologia, as pacientes que precisaram extrair a mama por causa do câncer costumam fazem cirurgia de reconstituição logo em seguida.

Na falta de próteses, Pedrini afirma que será necessário realizar outro procedimento, que deixa cicatrizes profundas. Isto pode provocar danos psicológicos e mesmo físicos, opina o médico.

"A colocação da prótese é um direito de todas as pacientes. Se ele não for garantido, os direitos de cidadania são violados”, afirmou Pedrini.
Imprimir