Imprimir

Notícias / Esportes

Tostão elogia Messi: ‘Melhor que Maradona, abaixo apenas de Pelé’

Globo Esporte

Louco pelo Barcelona. Assim pode ser definido Tostão, ex-craque do Cruzeiro e da Seleção Brasileira e um dos principais colunistas esportivos do Brasil. Com 65 anos de idade, sendo 51 envolvido com o futebol, desde que jogava nas categorias de base de Cruzeiro e América-MG, Tostão ainda se impressiona e se encanta com grandes jogadores, excelentes equipes e um futebol bem jogado.

Além de não perder nenhum jogo do Barcelona – na verdade, assiste a quase todas as partidas transmitidas pela televisão –, Tostão tem como rotina escrever sobre futebol. Mas ele não tem por hábito ficar preso apenas a análises técnicas e táticas. Ele vai além. É mestre em estabelecer conceitos, dar opiniões embasadas e, principalmente, em divagar.

Com essas características, se tornou uma das principais referências quando o assunto é futebol. Na última semana, lançou mais um livro, "A perfeição não existe", da editora Três Estrelas. Trata-se de uma coletânea de crônicas publicadas entre 2000 e 2011, nas quais escreve sobre personagens importantes da história do futebol.

- Fiz uma seleção das crônicas. Algumas não saíram nos jornais para os quais escrevo, mas em outras publicações. Essa seleção foi feita levando em consideração aquelas com menos valores factuais e priorizando as que servem para ser lidas em qualquer época. Evidentemente, algumas coisas, alguns detalhes, podem parecer ultrapassados, mas, na maioria das vezes, podem ser lidas hoje, assim como foram lidas cinco ou dez anos atrás - diz ele.

Porém, Tostão lamentou o fato de um jogador em especial, Messi, “melhor até que Maradona”, segundo o próprio cronista, ter poucas referências no livro. Para Tostão, Messi mereceria um livro exclusivo. Para Tostão, Messi e o Barcelona já estão para sempre na história. Para melhorar, só se Neymar também fizer parte do grupo catalão. Afinal de contas, Tostão é louco pelo Barcelona.

O senhor consegue se lembrar quais foram os personagens que mais usou em suas crônicas?

Normalmente, escrevo sobre conceitos gerais de futebol. De personagens, nesses últimos dez anos, foram aqueles que foram destaque no futebol brasileiro. Sempre escrevi sobre Ronaldo, Romário, Parreira, Zagallo, Felipão, Luxemburgo. Já falei muito sobre as copas de 2002, 2006 e 2010. Lembro-me também de Rivaldo, Ronaldinho, Robinho. No livro, faltaram os assuntos mais recentes, como Neymar.

Atualmente, Messi e Barcelona são os assuntos sobre os quais o senhor mais gosta de escrever?

São. Inclusive, no livro, em uma das crônicas, escalo minha seleção de todos os tempos. E Messi não estava. Evidentemente, ele estaria, agora, presente na minha seleção de todos os tempos. Essa fase do Barcelona, e também de Messi, é sobre o que mais tenho escrito, além de Neymar, que são os que mais me encantam atualmente.

O Barcelona já é um dos maiores times da história?

Não há dúvida. O Barcelona está, com certeza, entre os cinco maiores times da história do futebol. Vai ficar para sempre. Evidentemente, se olharmos para trás e conferirmos a história dos grandes times, vamos perceber que eles também perdiam. O Barcelona também perde, nem sempre é campeão, perde títulos para os concorrentes. O Pelé não foi o melhor em todos os jogos que disputou. Mas o Barcelona resgata um estilo. Há pouco tempo, diziam que o futebol moderno não se encaixava no estilo do Barcelona, com muitas trocas de passes, tabelas, dribles. Jogadores como Iniesta e Xavi eram considerados com porte físico incompatível com o futebol moderno. Era um time de baixinhos. Com a Espanha ganhando a Eurocopa e a Copa do Mundo, com o Barcelona conquistando tantos títulos, o mundo teve que passar a elogiar Messi, Iniesta e Xavi. Eles estão em todas as listas de melhores do mundo. Foi muito bom para o futebol. Noto que, na Europa, muitos times já tentam jogar como o Barcelona, com um futebol mais envolvente.

Até onde Messi pode chegar?

Se analisarmos friamente e esquecermos quantos gols ele fez, quantos títulos ele ganhou, não tenho dúvida de que já é maior que Maradona. Muitos ainda vão dizer que, se ele não for campeão do mundo, não marcar um gol maravilhoso em um jogo importante de Copa do Mundo, não vai ser reconhecido. Mas o que ele joga já o coloca em um nível abaixo apenas de Pelé, que era mais completo. Eu joguei com ele. Além de ser espetacular, Pelé era muito forte fisicamente. Ele tinha outras qualidades que faltam a Messi. Pelé fazia muitos gols de cabeça, por exemplo. Ele usava o corpo muito bem, era fisicamente bem dotado. Mas Messi tem crescido tanto, que pergunto se já chegou ao auge. Os grandes craques têm um período de esplendor, que não é muito grande. Essa é a dúvida. Por quanto tempo Messi vai jogar nesse nível?

Com Neymar, o Barcelona ficaria perfeito?

Com Neymar e com Thiago Silva. O Guardiola, como entende do assunto, sonha com esses dois jogadores. O Thiago substituiria o Puyol, e Neymar jogaria ao lado de Messi. Falta ao Barcelona um grande atacante. O time tem excepcionais armadores, mas falta um jogador incrível na frente. Se o Barcelona tivesse Neymar, seria covardia.

E no futebol brasileiro? O que tem de bom atualmente?

Neymar, que é excepcional. Mas ainda não vimos o Neymar brilhar intensamente, durante um longo período, contra grandes times e seleções. Os times brasileiros e sul-americanos estão muito aquém das melhores equipes e seleções da Europa. Neymar ainda precisa brilhar em grandes jogos, contra grandes times, para se firmar definitivamente entre os melhores jogadores do mundo. Mas, como vimos Neymar todos os dias, ficamos encantados com a qualidade dele. Temos razão de achar que ele já é um dos melhores, mas, na prática, isso ainda não aconteceu. O Brasil está em uma fase de dúvida. Existem vários jogadores jovens que podem se tornar grandes atletas, mas ainda não se tornaram, como Lucas, Damião e Ganso. Estamos em uma encruzilhada. Vamos ter uma grande Seleção ou teremos um time bom, mas inferior aos principais? As Olimpíadas serão um divisor. Se brilharem, e o Brasil ganhar a medalha de ouro, eles se consolidam. O cenário pode ser outro daqui dois anos.

O senhor é daqueles que defendem a saída de Mano Menezes?

Não, de maneira nenhuma. Não vejo tantos problemas com ele. O problema do Brasil é não ter grandes jogadores do meio para frente. Mas está na hora de cobrar uma definição melhor da maneira de jogar. Ele está meio confuso. Ele tenta jogar de um jeito mais bonito, com troca de passes, mais ofensivo, mas não consegue. O time, quando era comandado por Dunga, não agradava, mas ganhava, porque tinha um jeito de jogar que funcionava. Marcava forte e saía rapidamente nos contra-ataques. Para isso, tinha dois jogadores excepcionais, Kaká e Robinho. Por isso, ganhou de todas as seleções e chegou à Copa como favorita. Perdemos para a Holanda por um detalhe. Não era um estilo que eu gosto, mas era um estilo eficiente.

Em quais seleções o senhor aposta para chegar às semifinais da Copa do Mundo de 2014?

No Brasil, na Argentina, na Espanha e na Alemanha. As duas últimas são, indiscutivelmente, as melhores. O Brasil, por ter jogadores jovens que pode crescer e por jogar em casa, pode ganhar. E a Argentina tem Messi. Ele, mais do que brilhar no Barcelona, quer muito levar a Argentina a um título importante. Ele quer ser o grande herói. Ele precisa disso. E a Argentina tem ótimos jogadores do meio para frente. Aguero, hoje, é um dos principais atacantes do mundo. Di Maria é um dos principais meias do mundo. Se melhorar na parte coletiva, a Argentina também passa a ser forte candidata ao título.
Imprimir