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Notícias / Meio Ambiente

Uso de recursos naturais deve ser incluído no cálculo do PIB, diz estudo

G1

Medidas tradicionais que mostram forte crescimento econômico no Brasil e na Índia ao longo de quase duas décadas não levam em conta o esgotamento de seus recursos naturais, afirmaram nesta quarta-feira (28) cientistas e economistas que participam da conferência "Planet under pressure" (planeta sob pressão, na tradução do inglês) que acontece em Londres.

Especialistas e grupos ambientalistas pressionam os governos para incluir o valor dos recursos naturais dos seus países -- e do uso ou perda deles -- em medidas futuras da atividade econômica, ao invés de confiar apenas no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB).

Entre 1990 e 2008, a riqueza do Brasil e da Índia medida pelo PIB cresceu 34% e 120%, respectivamente, mas esta medida é falha, argumentaram economistas. O capital natural, ou a soma dos ativos de um país que variam de florestas a combustíveis fósseis e minerais, declinou 46% no Brasil e 31% na Índia, disseram eles.

"O trabalho sobre o Brasil e a Índia ilustra por que o PIB é inadequado e enganoso como um índice do progresso econômico a partir de uma perspectiva de longo prazo", disse Anantha Duraiappah, diretor-executivo do Programa Internacional de Dimensões Humanas da Organização das Nações Unidas (UNU-IHDP, na sigla em inglês).

Quando as medidas de capital natural, humano e manufaturado são colocadas juntas, a "riqueza inclusiva" do Brasil subiu 3% e a da Índia aumentou 9% durante esse período, explicou ele.

A ideia de um indicador expandido, conhecido como PIB+, para incluir o PIB e o capital natural estará na pauta da conferência global a ser realizada no Rio de Janeiro em junho para tentar definir metas de desenvolvimento sustentável.

Pressão no Rio
Duraiappah disse que sua equipe de pesquisa e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) vão apresentar um relatório durante a Rio+20, conferência sobre Desenvolvimento Sustentável que acontece em junho no Brasil, mostrando a "riqueza inclusiva" de 20 países, que representam 72% do PIB mundial e 56% da população global.

A Grã-Bretanha já criou um Comitê de Capital Natural para assessorar o governo sobre a situação de seus recursos naturais. O país também disse no mês passado que pedirá a empresas e governos na conferência do Rio que comecem a medir o uso ou a perda de água, agricultura, florestas e outros recursos naturais.

As empresas também precisam medir e informar sobre a sustentabilidade de suas atividades corporativas, disse Yvo de Boer, conselheiro global especial da consultoria KPMG e ex-chefe climático da ONU. "Se as empresas tivessem que pagar os custos ambientais de suas atividades, elas teriam perdido 41 centavos de dólar para cada dólar ganho em 2010", disse ele.

"Os custos ambientais externos dos 11 setores-chave da indústria aumentaram quase 50% entre 2002 e 2010, de US$ 566 bilhões para US$ 854 bilhões."
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