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Duelo real: o dia em que o filho do Rei enfrentou o pai do príncipe

Globo Esporte

O Santos tem, até o momento, 5.587 jogos disputados em seus 100 anos de história. Alguns históricos, inesquecíveis. Outros, nem tanto. Muitos foram esquecidos. É o caso de um amistoso disputado no dia 31 de maio de 1995. O Peixe foi convidado para a festa de reinauguração do estádio municipal Francisco Ribeiro Nogueira. O adversário, o modesto União Mogi. Trata-se de uma partida que, a princípio, não teria nenhuma importância para a história do Alvinegro Praiano não fosse por um detalhe: ela marcou o duelo entre Edinho, filho do Rei Pelé e então goleiro santista, e Neymar da Silva Santos, pai do “príncipe” Neymar, que era atacante da equipe de Mogi.

Para Edinho, na ocasião, foi apenas mais um jogo. Quase uma obrigação. Para Neymar, então com 30 anos, um acontecimento. Ele mantém vivo todos os detalhes da partida. Enquanto estava em campo, o filho, que um dia se tornaria craque internacional, tinha três anos e estava em casa.

Naquele momento, um duelo entre os dois times em partidas oficiais seria improvável. O Santos estava na Divisão Especial (hoje, Série A-1), enquanto o Mogi aparecia na Intermediária (atual A-2). A partida terminou empatada: 1 a 1 (confira a ficha abaixo).

- Eu me lembro muito bem daquele amistoso e do duelo com o Edinho porque era eu quem batia as faltas. E o cara não caia no chão. Tinha uma facilidade muito grande de chegar na bola sem precisar se jogar. Ele era tão rápido que parecia que eu tinha batido mal a falta - lembra Neymar.

“Seu” Neymar rodou pelo Brasil. Defendeu clubes de expressão, como Coritiba e Paraná Clube. Como ele mesmo diz: atuou em quase todos os “enses” do interior: Catanduvense, Linense, Lemense, além de Portuguesa Santista, Operário-MT, Bragantino, entre outros. E, mesmo com certa experiência dentro das quatro linhas, o gostinho de ter pela frente ninguém menos do que o filho do Rei Pelé o balançou.

- Para o nosso time foi uma grande festa. Vários ídolos do outro lado, o filho do Pelé. Era muito importante. Queríamos mostrar o nosso valor. Fiz de tudo para tentar ganhar, mas não tinha jeito. Era uma das maiores fases da carreira do Edinho.

O que era uma honra para os adversários chegou a atrapalhar Edinho no início da carreira. Por ser filho de quem é, a pressão sobre ele sempre foi grande. Mesmo jogando em posição completamente diferente, as comparações com o pai o perseguiram durante toda a sua carreira.

- O assédio era grande. Havia muita curiosidade para ver de perto. Além disso, tem o próprio fato de eu ter sido goleiro. Eu era jovem, mas sempre que entrava em campo, em amistoso ou jogo oficial, tinha a responsabilidade de ser o filho do Pelé - afirma Edinho.

Pelo Santos, iniciou a carreira em 1991 e saiu no ano seguinte. Em 94, voltou e ficou até 98. Além do Peixe, Edinho defendeu São Caetano e Ponte Preta.

Orgulho

A forma com que a dupla leva a ligação com dois expoentes do futebol é diferente. Até pela maneira como ela ocorre. Edinho recebeu dicas durante toda a sua vida do melhor jogador de todos os tempos. Por outro lado, Neymar, que não conseguiu se destacar como atleta, tem de ensinar ninguém menos que o melhor jogador brasileiro da atualidade.

Mesmo assim, a dupla garante que a maioria dos conselhos dados e recebidos tem uma conotação muito mais pessoal do que profissional. Edinho explica que seu pai pouco falava de suas atuações nas partidas e preferia instrui-lo quanto à forma como ele deveria se comportar como pessoa.

– De modo geral, o que ele mais me ensinou foi em relação à vida. Comportamento fora de campo, atitudes que eu tinha que tomar... – explica o filho de Pelé.

O pai Neymar também segue da mesma forma e diz que, às vezes, ainda tem de deixar de lado o fanatismo pelo filho para que seus ensinamentos não sejam atrapalhados.

Seja qual for o tipo de relação que eles mantêm com os dois craques, os dois compartilham um mesmo sentimento: orgulho

– É uma palavra que nós temos em comum. Orgulho que tenho do meu pai deve ser o orgulho que ele sente pelo filho dele. Somos amantes do futebol, apaixonados por isso – completa Edinho.

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