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Às vésperas de eleição, adesão a Reuni é principal crítica à reitora

Da Redação - Renê Dióz

De um lado, a defesa do programa Reuni e a ostentação dos últimos números sobre a atividade acadêmica. Do outro, a crítica à subserviência da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) ao governo federal e à qualidade da tal produção científica. O embate deu os contornos na manhã desta quarta-feira (11) ao penúltimo debate do primeiro turno entre os candidatos ao cargo de reitor da instituição, cuja comunidade acadêmica define no próximo dia 18 quem passará a comandar a administração superior pelo próximo quadriênio.

No auditório do Centro Cultural do campus em Cuiabá, a atual reitora, professora Maria Lúcia Cavalli, passou a maior parte do tempo do debate defendendo a adesão da UFMT ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que proporcionou repasses extras à universidade para a expansão do ensino de graduação.

Oposicionistas, os titulares das chapas 2 e 3, professores Fernando Nogueira e Edinaldo Castro, respectivamente, atacaram o fato de que a adesão ao Reuni incrementou a área de ensino de graduação em detrimento da pesquisa e da extensão – as quais constituem os outros dois pilares do funcionamento da comunidade acadêmica.

A expansão da UFMT, bancada pela adesão ao Reuni, também foi criticada pelos opositores da atual reitora com exemplos de cursos de graduação, como o de Zootecnia, que sequer possui salas de aulas, e de pós-graduação, como na área de Tecnologia (que disputam estrutura com os cursos da graduação). “Assim é fácil criar pós-graduação”, ironizou Edinaldo.

Por sua vez, a reitora argumentou que é a única alternativa da UFMT em prol da inclusão social, opção que passa fundamentalmente pela adesão ao Reuni. O programa, declarou, proporcionou estrutura nunca vista antes para a instituição.

“Nunca essa universidade produziu tanto”, sustentou a reitora, mencionando números como a multiplicação em mais de quatro vezes do número de estudantes atendidos (de 28 mil para cerca de 117 mil) e as atuais 1,4 mil pesquisas cadastradas na UFMT, além do aumento de bolsas de estudo concedidas.

Já para o professor Fernando Nogueira, os números sustentados pela administração superior hoje são naturalmente altos devido a todos os incentivos financeiros do governo federal, mas tal expansão e produção, defendeu, não podem ser conquistadas “a todo e qualquer custo, a todo e qualquer preço”.

Como reitor ou não, Nogueira afirmou que será sempre um crítico do Reuni, principal responsável por um virtual impulso à produção da UFMT, pelo programa relegar a pesquisa e a extensão a segundo plano e pelo acúmulo de funções imposto aos professores, mestres e doutores – que acabam se limitando a lidar com a burocracia para a consolidação de suas atividades que propriamente na produção de conhecimento.

O professor apontou também que o governo federal está cobrando quantidade em termos de produção científica, mas sem se ater à qualidade do material acadêmico – política à qual a UFMT teria aderido sem sequer se questionar. “As coisas não são essa maravilha que está sendo colocada", resumiu.



Atualizada às 19h
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