Imprimir

Notícias / Esportes

Neymar não consegue se ver como mito: 'Para mim, sou só o Juninho'

Globo Esporte

Lá se vão oito anos desde que ele atravessou o portão da Vila Belmiro. Desde os 12, o Santos passou a ser a sua segunda casa. Dentro dos CTs Meninos da Vila e Rei Pelé, o garoto se tornou homem. E o homem virou "popstar". De Juninho, como seus familiares o conhecem, agora atende por Neymar, o maior jogador brasileiro em atividade. Para muitos, o melhor jogador criado na Vila Belmiro depois de Pelé.

Três anos após se tornar profissional, o atacante já marcou uma era no clube. Aos 20 anos, são quatro títulos, um deles histórico: o tricampeonato da Taça Libertadores, conquistado em 2011. Sob a batuta do camisa 11, o Peixe subiu ao topo da América 48 anos depois de Pelé e seus companheiros. Em todas as conquistas recentes do Peixe, Neymar foi protagonista. Até o momento, marcou 96 gols em 175 jogos pelo clube.

Fez história também ao esnobar propostas milionárias de Chelsea, Real Madrid e Barcelona, garantindo permanência no Santos até a Copa do Mundo de 2014.

Aliás, Neymar já cogita até ficar por mais tempo. Independentemente disso, uma coisa é certa: o craque pretende pendurar as chuteiras no Peixe, clube onde tudo começou.

Mesmo com tantos feitos realizados pelo Alvinegro, o camisa 11 não consegue se posicionar na história do clube, que está em festa por seu centenário. Em entrevista exclusiva, diz não se conhecer como ídolo. Enquanto a torcida já o venera como um mito, o craque se vê "apenas como Juninho", filho do "seu" Neymar e da dona Nadine, pai de Davi Lucca. Com discurso modesto, garante ser só um pequeno "aperitivo" dentro dos 100 anos de futebol-arte do Santos.

Confira a seguir os principais lances do bate-papo com "Juninho".

GLOBOESPORTE.COM: Muita gente o considera o melhor jogador do Santos depois de Pelé. Você já disse que não se vê assim. Então, o que precisa fazer para chegar a esse patamar?
Neymar: Ainda tenho muita coisa pela frente. Não me acho o maior depois do Pelé. O Robinho é o meu ídolo, ele sempre vai ser melhor que eu. Tenho muita coisa ainda para fazer e conquistar.

Você já conquistou vários títulos, inclusive a Libertadores. Conseguiu o feito de, mesmo jogando no Brasil, ser reverenciado no exterior e até apontado como um dos melhores do mundo. O que falta?
Falta muita coisa. Eu não jogo para ser o maior de todos os tempos, o maior, o goleador. Jogo para ajudar o Santos, sempre.

E o que é o Santos para você?
O Santos é o meu segundo lar. Sempre estou aqui. Fico mais aqui do que na minha casa.

E você, o que é para o Santos?
Não sei o que eu sou para o Santos. Sou um atleta (risos). Conquistei alguns títulos e sei que estou fazendo história aqui no clube. Mas não sei se sou melhor que alguém. Eu me considero importante, como todos os outros que ajudaram o clube com conquistas.

Você já marcou uma era no Santos. É o símbolo da segunda geração mais vitoriosa dos 100 anos do clube. Como você acha que vai ser lembrado quando o Peixe fizer 200 anos?
Quero que tenham lembranças boas de títulos que conquistei aqui. Foram conquistas maravilhosas. Espero que parem e vejam que eu pude contribuir. Quero que lembrem do Neymar como um ótimo jogador, que fez história nesse clube.

Qual é o significado de ser o maior ídolo do Santos nesta data tão importante?
É uma responsabilidade muito grande ser um dos ídolos da torcida no centenário do Santos. Um clube por onde passaram Pelé, Robinho, Giovanni… É uma responsabilidade representar todos eles nessa data.

O slogan do centenário diz que são 100 anos de futebol-arte. Dá para dizer que você é a mais pura prova disso? Ou seja, justamente nos 100 anos do clube, há Neymar, que resume a tradição santista?
Eu sou só mais um aperitivo. Nesses 100 anos de Santos, passaram diversos craques por aqui que praticaram o futebol-arte. Sou só mais um que deixa o futebol um pouquinho mais bonito.

Se pudesse escolher qualquer presente de centenário para a torcida, qual seria?
Não dá para prometer nada. O centenário é uma data muito importante. Todo mundo quer um título. Paulista, Libertadores… Queremos vencer qualquer campeonato que disputarmos para dar de presente para a torcida nesse ano maravilhoso.

E se a torcida dissesse que quer você no Santos até o fim da carreira?
Ficar aqui até o fim da minha carreira seria um presente bom, pois sou torcedor do Santos.

Mesmo que você saia, tem o plano de voltar e encerrar a carreira no clube?
É o time onde eu fui criado. Estou no clube desde os meus 12 anos e tenho uma história maravilhosa. Quero encerrar a minha carreira aqui, sim.

Neste início de ano, você já conseguiu feitos importantes, como os 100 gols em apenas três anos como profissional. O que dá para esperar para o restante desta temporada?
Ainda tem tempo até o fim do ano, vários meses. Tem muita coisa boa para acontecer. Não quero prometer nada, mas, com certeza, vamos brigar por todos os títulos.

Armando Nogueira certa vez disse que se não fosse homem, Pelé teria nascido bola. E se Neymar não fosse homem, seria o quê?
Não sei. Isso eu não sei explicar, não (risos). É difícil falar de si mesmo. O Neymar que conheço é o Neymar da minha família. Não conheço o ídolo, não consigo me explicar. É complicado dizer qual é o meu lugar na história. Sobre outros jogadores, eu consigo falar e colocar em um patamar. O Neymar que eu conheço não é o Neymar que todo mundo vê, é o Juninho. Fica difícil de explicar.

Algum dia você vai conseguir se explicar?
Espero que sim, espero que sim.
Imprimir