Imprimir

Notícias / Brasil

'Trânsito de Vitória pode reduzir 40% com ciclovias', diz especialista

G1

Segurança, tranquilidade, respeito no trânsito. Esses são apenas alguns dos desejos de quem utiliza a bicicleta como principal meio de transporte. No Espírito Santo, os ciclistas convivem diariamente com o medo e a falta de estrutura nas ruas e avenidas das cidades.

Em Vitória, a situação é um pouco melhor do que nos demais municípios. São 29 quilômetros de ciclovias implantadas e mais 12 em execução, o que vai totalizar 41 quilômetros. Segundo a Prefeitura de Vitória, a capital é uma das cidades com mais quilômetros de ciclovias feitos do Brasil. Porém, o número ainda não é o ideal.

Para o engenheiro civil e consultor de infraestruturas e transportes João Renato Prandina, Vitória deveria ter, pelo menos, 60 quilômetros. "Entre 60 e 80 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas nós teríamos um bom sistema", afirma. Em se tratando da Grande Vitória inteira, o número ideal varia entre 300 e 400 quilômetros.

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento da Cidade de Vitória, já possuem trechos com ciclovias a rodovia Serafim Derenzi e as avenidas Fernando Ferrari, Fernando Duarte Rabelo, Dante Micheline, Nossa Senhora dos Navegantes, Marechal Mascarenhas de Moraes e Gelu Vervloet. Estão previstas para receberem a implantação as avenidas Adalberto Simão Nader, Leitão da Silva, Saturnino de Brito, além da complementação das avenidas que já possuem trechos com ciclovias.

Há três anos, a estudante de Educação Física e professora de ioga Laís Albuquerque Rodrigues escolheu a bicicleta como principal meio de transporte. Mesmo se tivesse carro, ela continuaria pedalando para realizar suas atividades pela capital. "É prático e você se sente bem. Moro em Barro Vermelho e faço tudo de bicicleta, por Vitória inteira. Vou para o Centro, para a faculdade, vários lugares", conta.

Apenas vias arteriais?
De acordo com o engenheiro João Renato Prandina, a implantação de ciclovias apenas nas vias arteriais - as principais avenidas da cidade - já resolve o problema do tráfego. "Pode-se implantar em todas elas, mas não precisa colocar nos dois sentidos. Nas vias locais, ou seja, nas ruas dentro dos bairros, não é necessário pois a velocidade é baixa", afirma.

Mas, para quem trafega com as bicicletas, ciclovia apenas nas principais vias não é o suficiente. A falta de segurança nas ruas dentro dos bairros é cada vez maior. O jornalista Gustavo Lopes chegou a ser atropelado no ano passado. "Um van me atingiu e quebrou toda a bicicleta. A sorte é que não me machuquei", relata.

Para Gustavo, existe uma cultura em que o motorista não vê o ciclista como veículo. "Acham que a gente tem que andar na calçada, buzinam e quase atropelam. As pessoas deviam ter mais amor no trânsito. São muito intolerantes, não conseguem esperar nada, esquecem que precisam tratar as pessoas bem", fala.

Laís Albuquerque também não se sente segura no trânsito por dentro dos bairros. "Tenho muito medo com os carros que estão estacionando. Os motoristas abrem a porta do nada, não prestam atenção que tem ciclista", diz a professora de ioga, que chegou a ser atingida por uma porta enquanto trafegava. "Na hora não consegui desviar. A calota do carrou chegou a sair", conta.

Ciclovias x ciclofaixas
A implantação de ciclovias envolve dois tipos de segregação de tráfego. A primeira é a ciclovia separada da faixa de tráfego de veículos por um canteiro central. "Esse canteiro é um espaço físico, o qual os carros não conseguem invadir. É uma excelente maneira de reduzir o número de veículos nas ruas", explica Prandina.

Já as ciclofaixas limitam o espaço do ciclista com uma pintura no asfalto, sinalizando a exclusividade. "Jardim Camburi é um exemplo de bairro que possui ciclofaixas", diz o especialista.

Benefícios da bicicleta
Além de ter a real capacidade de retirar veículos das ruas e do fato de as ciclovias não terem um alto custo de implantação, as bicicletas reduzem os impactos ambientais dos automóveis em 95% e em 100% a emissão de carbono. "Também permitem conveniência ao cidadão pois este conta com a certeza da previsibilidade dos deslocamentos", disse João Renato Prandina.

Para o especialista, outro benefício é o alívio no sistema de saúde. "O uso da bicicleta melhora a condição cardíaca e respiratória dos usuários", afirmou.
Imprimir