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Arrecadador de campanha, Eder é 'arquivo-vivo' e teme ser 'apagado'

De Cuiabá - Lucas Bólico, De Brasília - Vinícius Tavares

“Estou muito preocupado porque Mato Grosso tem um histórico de queima de arquivo, e essa é uma realidade inegável. Mas eu não vou ficar calado, isso eu garanto”. A frase é do demissionário (e já demitido publicamente) Eder Moraes Dias, ainda secretário extraordinário da Copa de 2014, em entrevista ao Olhar Direto poucas horas após receber uma ameaça de morte enquanto entrava no condomínio em que mora, na noite de ontem (17), em Cuiabá.

Sob forte pressão polítca, a declaração de Moraes Dias pode ser considerada emblemática e revela que o líder republicano não está temeroso sem motivos. Eder sabe muito e seus conhecimentos de bastidores desagradam muita gente.

(Ex) Homem forte no governo estadual por duas gestões (Blairo Maggi e Silval Barbosa), Moraes Dias foi um dos principais responsáveis pela arrecadação de verbas para os caixas de campanha da reeleição de Silval Barbosa (PMDB) e de Maggi para o governo e na disputa por uma vaga no Senado. Maggi nega que Eder tenha arrecadado recursos para sua campanha, mas uma coisa é certa: Eder sabe muito e deixa isso claro em suas declarações.

Éder, em resumo, pode ser considerado uma espécie de 'memória viva' dos acontecimentos da política mato-grossense nos últimos anos e, por isso, teme por algo pior num Estado em que a impunidade e a lei do mais forte imperam como em várias unidades da Federação.

Hábil negociador e ambicioso, ele sabe de onde vieram os recursos utilizados nas campanhas eleitorais, tem conhecimento de todos os instrumentos utilizados para arrecadar, cobrar, desonerar e premiar empresas e colaboradores e personagens que se envolveram e ainda se embrenham nas entranhas do poder.

Ganhou a confiança de homens fortes da política, alçou voos bem altos, chegando ao posto de Secretário de Estado da Fazenda, da Casa Civil, de comandante da Secretaria da Copa do Mundo de 2014, hoje a mais cobiçada entre as pastas da administração estadual.

Teve o mérito de ser o mentor da proposta de renegociação das dívidas do Estado com a União por intermédio da venda das dívidas para bancos privados. No entanto, no mesmo período, sofreu alguns reveses, como o cancelamento dos contratos para compra dos veículos Land Rover, entre outras situações constrangedoras. E teve participação ativa no escândalo dos maquinários e no das cartas de crédito, embora tenha se safado política e juridicamente.

Conseguiu, com habilidade, se safar de todas as acusações. Reuniu desafetos nos três poderes estaduais. Tem razão em temer e fazer a denúncia. Quem não faria a mesma defesa ?



Atualizada e Corrigida às 02h00. Segunda atualização às 08h/Nova atualização às 08h39
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