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Ang Lee dá injeção de otimismo no Festival de Cannes

EFE

Uma injeção de otimismo com "Taking Woodstock", de Ang Lee, e uma maçada brutal do melhor cinema francês, com o impactante "Un Prophète", de Jacques Audiard, foram duas vias mostradas na sessão em competição deste sábado do Festival de Cannes.

Um filme sobre um festival de música triunfando em um festival de cinema parece um trava-línguas que só um mestre do gabarito de Ang Lee poderia recitar com fluência.

"Taking Woodstock", de Ang Lee, que foi apresentado no Festival de Cannes

"Taking Woodstock", a história de Elliot Tiber, um dos impulsores do festival que completa 40 anos, é também mais uma demonstração da extraordinária capacidade do diretor de se introduzir em mitos de outros países.

Lee mergulha sem cinismo ou crítica, mas com honestidade entusiasmada, no festival que ofereceu "três dias de paz e música" com Janis Joplin, Jimmy Hendrix e Bob Dylan, entre 15 e 18 de agosto de 1969, e revolucionou a pequena cidade de White Lake, perto de Nova York.

"Eu vi Woodstock pela televisão em Taiwan. Era muito jovem na época, mas com os anos entendi como era importante que toda uma geração se rebelasse contra o estabelecido e buscasse uma nova maneira de se relacionar", disse.

"Quis dar uma ideia glorificada, romântica, do que considero o último reduto de inocência", disse Lee, em entrevista coletiva. "Mas falar de Woodstock não é falar de hippies. Eles foram uma pequena e decadente parte de um fenômeno muito mais amplo."

Árabe

Jacques Audiard potencializa suas melhores qualidades narrativas e sua poética insólita dentro de uma prisão em "Un Prophète", primeiro filme francês exibido na competição.

Grande parte da responsabilidade pelo resultado final é do ator estreante Tahar Rahim, que faz seu personagem, um árabe de 19 anos condenado a seis anos de prisão, evoluir através da épica doentia da obra.

O personagem de Rahim descobrirá encarcerado que esconde dentro de si um poderoso carisma capaz de brigar com um capo da máfia, interpretado com magnetismo por Niels Arestrup, assim como com o crescente lobby muçulmano da prisão.

Rahim dá vida ao personagem que entra na prisão como um criminoso comum e sai como um brilhante estrategista do crime organizado.

"O título 'Um Profeta' anuncia no filme um novo protótipo de criminoso. Não se trata de um psicopata, mas de alguém que tem algo de angelical", disse Audiard, na entrevista coletiva depois da ovacionada exibição do filme.

O diretor da também excelente "De Tanto Bater, Meu Coração Parou" (2005), desenvolve com uma técnica realista, só interrompida por pontuais momentos mágicos, esta delicada inversão de valores.
"Reconheço que, no roteiro, há certa ambiguidade sobre o sentimento de culpa", disse. "Definitivamente, é uma metáfora sobre a sociedade através da prisão, que não é o mesmo que dizer que vivemos em uma prisão."
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