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'Me senti no período do nazismo', diz brasileira deportada da Espanha

G1

O que era para ser um reencontro com a família tornou-se pesadelo para a professora e psicopedagoga Gilmara Duarte, integrante do grupo de 15 brasileiros deportados da Espanha na terça-feira (24). "Foi uma pressão psicológica total. Eu me senti como no período do nazismo, em que tinha todo aquele processo de pressão psicológica para confundir as pessoas. Foi desumano", desabafa Gilmara.

O desembarque do grupo em Salvador aconteceu às 19h53, e revoltados, eles contaram o que passaram três dias retidos em uma sala do aeroporto Barajas, em Madri, em acesso à área externa. A maioria chegou na Espanha no domingo (22), mas alguns desembarcaram no local também na terça-feira (24), segundo o Itamaraty. O Itamaraty relata que grande parte deles não apresentou a carta-convite, um dos documentos requisitados de estrangeiros pelas autoridades espanholas, e não comprovou recursos para arcar com os custos da estada.

Acompanhada da filha Luma, de 6 anos, e da mãe Joseisa Duarte, de 52, Gilmara conta que portava toda a documentação requisitada aos estrangeiros pelas autoridades espanholas, como a carta-convite, os recursos para se manter durante a estada no país, além da passagem de volta.

No caso da família de Gilmara, a carta-convite foi negada por falta de um carimbo, que mesmo com a intervenção de advogados do cunhado espanhol, não foi considerada pelas autoridades espanholas como legítima para permitir a entrada das três no país.

Ela relata que a sua mãe, que é diabética, teve os medicamentos confiscados, e a filha pequena foi mantida na mesma sala em que estavam todos os estrangeiros retidos no aeroporto de Madrid; cerca de 20 pessoas, dentre elas os 15 brasileiros.

A cabeleireira Delma Bráz conta que chegou na Espanha no dia 22 de abril, mas teve estampado no passaporte o carimbo de entrada no país no dia 23. Ela, que pretendia passar uma semana, diz que já foi várias vezes para lá e nunca tinha passado por esta situação antes. " Acho que não vale a pena mais ir, é humilhante. Não necessitamos passar por isso, temos outros lugares mais lindos no nosso país para ir", avalia.

A administradora da empresas Ana Beatriz Moro também teve a data de entrada na Espanha registrada no dia 23 de abril, mesmo tendo desembarcado no dia 22. Ela ainda teve um dos carimbos do passaporte identificado como falso. "Eles não tinham o que alegar e colocaram isso. Humilhante essa situação, estou sem palavras para os espanhois", desabafa revoltada.

As brasileiras contam que não tiveram acesso aos pertences pessoais, nem a itens de higiene. "Ficamos três dias com a mesma roupa do corpo", conta Gilmara, que acrescenta: "A comida era servida às 9h e às 15h, sempre batata frita, uma salada, uma fruta e alguma carne frita".
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