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Integrantes da CPI do Cachoeira começam a acessar inquéritos

G1

Os integrantes da CPI que investiga as relações do contraventor Carlinhos Cachoeira com políticos e empresas começaram na manhã desta segunda-feira (7) a acessar os dados dos inquéritos do STF que investigam as ligações do bicheiro com parlamentares. As informações estão sob segredo de justiça.

O acesso está sendo feito em uma sala monitorada, montada no subsolo do Senado Federal. São três computadores, disponíveis para os 64 parlamentares que integram a comissão. A sala possui uma câmera na porta, que vigia a entrada da sala, e uma dentro, que monitora a sala mas não identifica o conteúdo que está sendo lido nos monitores. Quem entra precisa assinar um termo de compromisso e deixar qualquer aparelho eletrônico em uma gaveta do lado de fora.

O acesso é feito em ordem de chegada. A procura foi pequena no começo, mas suficiente para lotar a sala em menos de uma hora. A primeira foi a deputada Íris de Araújo (PMDB-GO). Aniversariante, ela diz ter chegado às 7h45, mas teve de esperar até 9h para entrar, seguindo as regras estabelecidas pelo presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).

"Eu imaginei que teríamos aqui uma fila de parlamentares, e eu não queria perder meu lugar, então eu vim cedo", disse a deputada, que reclamou da estrutura. "São poucos computadores, insuficientes para o número de parlamentares. Vou inclusive levar esta nossa preocupação ao presidente da comissão", disse ela.

Outro dos primeiros a chegar, o deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF) também reclamou das condições de acesso aos dados. "Eu considero este ambiente bastante constrangedor para o parlamentar", disse ele. "É um ambiente pequeno, apertado, que você tem que deixar qualquer equipamento, não pode trazer nenhum tipo de assessoramento técnico, e isso te deixa bastante limitado", alegou o parlamentar.

Segunda a chegar - e primeira a sair - a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) acredita que a estrutura montada causará "confusão". "Hoje é segunda-feira, por acaso tem alguns pouquíssimos parlamentares aqui. Mas quando chegar terça, quarta-feira, isso aqui vai ser uma fila de deputados e senadores. Vai ser uma confusão", afirmou a parlamentar. Sem dar detalhes, a senadora disse que, em uma primeira leitura, só encontrou material já divulgado pela imprensa. No fim de abril, parte do inquérito que está sendo protegido na comissão vazou na internet - o STF pediu que a Polícia Federal investigue o vazamento.

Para Grazziotin, caso se comprove que o conteúdo disponibilizado já seja de conhecimento público, seria adequado se discutir uma maior abertura para os parlamentares. "Se ficar claro que o geral do conteúdo que está aí é o já disponibilizado pela imprensa, é claro que cabe um diálogo do próprio presidente da comissão de ver uma outra forma para os parlamentares possam estudar", disse a senadora.

Depoimentos
A CPMI começa nesta semana a ouvir os depoimentos relativos às operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, que investigaram o bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso desde o dia 29 de fevereiro sob acusação de comandar o jogo ilegal no Centro-Oeste. Na terça-feira (8), será ouvido o delegado da Polícia Federal Raul Alexandre Marques Sousa, responsável pela Operação Vegas.

Já na quinta (10), a CPMI ouve o delegado Matheus Mella Rodrigues e os procuradores da República Daniel Rezende Salgado e Lea Batista de Oliveira, responsáveis pela investigação da Operação Monte Carlo. Ambas as sessões serão secretas, restritas aos integrantes da comissão, em um esforço para evitar o vazamento das informações.
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