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Kia Soul é testado na pista e mostra fôlego mediano

Carsale

O Soul chegou ao Brasil no início de 2009 causando o mesmo efeito observado nos Estados Unidos, onde chamou bastante a atenção pelo estilo irreverente. Os anúncios publicitários com hamsters dirigindo, cantando rap e dançando com roupas coloridas também ajudou a criar a imagem de carro diferente de tudo o que se tinha notícia sobre modelos familiares. Nada de perua ou utilitário esportivo, a Kia vinha com uma nova proposta. Mas o tempo passou, o apelo de novidade foi se diluindo e, com toda a recente confusão no setor de importados para atrapalhar, o espírito inovador acabou se diluindo no mercado. Hoje, mesmo com os retoques visuais e as melhorias do conjunto mecânico da linha 2012, o Soul tem vendas apenas medianas, ocupando o oitavo lugar no segmento, conforme os dados mais recentes da Fenabrave (Federação dos Distribuidores de Veículos).

Na versão mais em conta, equipada com novo câmbio manual de seis marchas e rodas de aro 16 polegadas de diâmetro, o Kia custa R$ 59.900. Ao receber freios ABS, câmera traseira para ajudar nas manobras, rack no teto e faróis auxiliares de neblina, o carro passa a custar R$ 64.900. Acrescente câmbio automático de seis marchas e o preço sugerido chega a R$ 69.900. E a opção topo de linha, como a que foi testada pelo Instituto Mauá de Tecnologia, equipada com rodas de aro 18 polegadas, entre outros itens, o Soul atinge R$ 71.900. Já de antemão, pela nossa avaliação do carro no dia a dia, a não ser pelo visual mais atraente, essas rodas maiores não são uma boa ideia.

São montadas em pneus 225/45R, de perfil bem mais baixo do que as quase sempre mal conservadas ruas brasileiras permitem, se você não quiser correr o risco de ter que pagar cerca de R$ 900 por cada unidade danificada pelos buracos. Outro incômodo é enfrentar os solavancos causados pelas irregularidades do piso não absorvidas pela suspensão. Para se ter uma ideia, em uma curva seguida de valeta, basta estar a cerca de 40 km/h para a traseira chega a ficar a poucos centímetros do chão por alguns instantes até aterrissar acompanhada de uma discreta cantada de pneu, como se fosse um avião pousando. Em contrapartida, não há do que reclamar dos freios, mesmo com tambores no eixo traseiro. Segundo as medições do IMT, vindo a 80 km/h e pisando com força no pedal, o carro precisou de razoáveis 42,3 metros até parar, ou 1,4 metro antes que um dos rivais, o C3 Picasso (43,7 m).

Novidade na linha 2012, a caixa automática de seis marchas, porém, se mostrou um tanto indecisa no uso diário. Vai de segunda para sexta, volta para quarta e, nesse meio tempo, acaba prejudicando a agilidade e o consumo de combustível. Há opção de trocas sequenciais, mas apenas pela alavanca no console, sem hastes próximas do volante como no sedã Cerato. No final das contas, dependendo da situação, o jeito é pisar um pouco mais forte no acelerador para provocar uma redução e extrair mais fôlego. Então, o nível de ruído dispara e a economia evapora, mas, pelo menos, consegue-se um pouco mais de disposição para fazer as ultrapassagens com segurança. Em uma semana com o carro, tivemos que recorrer a esse recurso mais de uma vez, tanto no trânsito quanto na estrada. O lado bom e surpreendente do Soul e que, nas curvas, com ajuda do tais pneus de perfil baixo, o carro se mostra estável. Mas é preciso ter certa cautela pelo alto centro de gravidade.

Na pista de testes, o Kia com motor 1.6 que rende até 130 cavalos com apenas etanol no tanque conseguiu acelerar de 0 a 100 km/h em 12,6 segundos, de acordo com as medições do IMT, nada mau ainda considerando a marca de um dos seus principais rivais, o Citroën C3 Picasso (13,1), mérito da aceitável relação peso-potência de 9,8 kg/cv. Aliás, o motor 1.6 de 16 válvulas do Soul, vem com comando de válvulas com variador de fase, boa taxa de compressão de 12: 1 e é um dos mais potentes da categoria, com 81,7 cv/litro de potência específica. Mas bem que poderia ter o torque máximo numa rotação mais baixa. São 16 kgfm a 5.000 rpm. Ao volante, a direção se mostra leve e precisa. Outra qualidade é a ergonomia, com comandos acessíveis e fáceis de serem acionados. Destaque para a parte central do painel, com os ajustes do sistema de climatização bem à mão e bem distribuídos. A caixa de som deitada, próxima do para-brisa, é um toque de ousadia de deu certo. Reproduz músicas com boa qualidade, sem distorções.

O espaço interno merece aplausos, mas isso não vale para o porta-malas de apenas 340 litros, o mesmo volume encontrado em um hatch compacto. Vale lembrar que, no assoalho do compartimento de carga, fica um profundo porta-objetos e o pequeno estepe provisório 125/80 com 60 libras de pressão. De qualquer maneira, 2,6 metros de entreeixos e boa altura, ninguém viaja com aperto. Mas é preciso que alguém lembre que travar as portas assim que o carro entra em movimento, já que não há travamento automático , nem como opcional, algo simples e extremamente necessário no Brasil, principalmente por causa do alto índice de assaltos. Por outro lado, há todo tipo de entrada auxiliar no console central, com bom apoio para o aparelho não sair voando com o carro em movimento.

Veredicto

O Soul ainda chama a atenção, mas perdeu apelo inovador com o passar dos anos. As mudanças estéticas na linha 2012 foram discretas e não causaram tanto impacto. A inclusão de câmbios de seis marchas é positiva, mas isso acabou não ajudando muito a diminuir o consumo, pelo menos pelo o que percebemos na versão automática. A relação custo-benefício também ficou prejudicada com o aumento do IPI para importados. Entretanto, apenas para quem não abre mão do design, precisa de espaço interno e dispensa um porta-malas grande, o Kia vale a pena. Mas resista em levar as rodas de aro 18.
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