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'Não sabíamos da situação dela', diz delegado que prendeu grávida em SP

G1

O delegado Getúlio Mendes, responsável por cumprir o mandado de prisão contra uma mulher de 20 anos, grávida de nove meses em Taubaté, no interior de São Paulo, disse que não sabia que a suspeita de não pagar pensão estava grávida novamente. "Ela foi intimada a comparecer, não sabíamos da situação dela", garantiu Mendes.

Segundo o delegado, a polícia tem apenas que cumprir o que é expedido pela Justiça. Ele, no entanto, disse que a situação foi inusitada e que confirmou com o juiz se a ordem deveria mesmo ser cumprida.

Suellen Carvalho deixou a cadeia de Pindamonhangaba, também no interior paulista, no início da tarde desta terça-feira, após sua família pagar a dívida de R$ 600. No dia anterior, ela havia sido chamada à delegacia de Taubaté e, ao chegar ao local, foi presa por conta da falta de pagamento.

"Eu não sabia que ele tinha me colocado pra pagar pensão. Aconteceu sem me comunicar primeiro. Eu nem sabia que existia um processo contra mim", contou a jovem.

Suellen passou uma noite na cadeia. O parto está marcado para quinta-feira (10), às 8h. Ela reclamou da experiência de ficar atrás das grades. "Eu tive dor, bastante dor. Fui para o hospital até, estava com um dedo e meio de dilatação", contou. “Por eu não ser criminosa, chegar no hospital com polícia, todo mundo fica olhando, falam ‘nossa, grávida com polícia’, é complicado", disse a jovem.

Segundo o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Taubaté, Aluísio Nobre, a gravidez não é um impedimento para o cumprimento da ordem judicial. "Se não tiver risco à gestante, não há nenhum impedimento que seja presa. E também é necessário que se diga que quando o juiz decretou essa prisão, ele não teve em mente se há um direito ou um dever da mulher ou do marido, ou da ex-mulher ou do ex-marido, e sim daquela criança que está esperando por essa pensão alimentícia e que é fator, inclusive, da sua sobrevida", explicou.
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